30 dezembro 2009

Dobrado dos Ordinários Poetas

Trrrrarra, Tá, Tumm
Trrrrarra, Tá, Tumm
Vamos ordinários poetas
Com a bandeira da poesia
Vamos à luta agora
Aos nossos gloriosos dias
Nossas armas são os nossos corações
Que disparam sentimentos
E assim venceremos a luta
Com a poesia.

Ademauro Coutinho

Bem indesejável

Se a índole da eterna ignorância do meu seio se apossasse
E a sabedoria com sua invisível benevolência se esvaísse,
Talvez a carne que me encobre o peito melhor apresentara-se
E os rumores da violência sofrida não existissem.

Mas completamente provido de toda sapiência oca e vil
Que sem temor despedaça minha alma e sua lembrança
Sigo tentando me esquivar deste carma varonil
Que só me traz sabedoria e me afasta ignorância.

André Philipe

expresso

expresso
que dentro d´água tudo é mais fácil
ver as palavras
em expresso

- Com licença, um café expresso por favor.

E não há mais nada a fazer, apenas dançar um tango grego.

Carol Vitall

[...]

[para os poetas Miró,
Bernardo e eu mesmo]

nós somos os donos
das nossas verdades
e ninguém tem direito
de nos tirar ilusões
que nos caem tão bem
caia chuva ou caia sol

ninguém só tem direito
de me duvidar os versos
quando for alguém
incapaz de comprar
ou de manufaturar
suas próprias verdades

mas na verdade prossigo
caiam palmas caiam vaias
tirando prata do nariz

Edmilson Madureira Segundo [2009]

Fora do Tom

Posso cantar
Para defender um fato
Divulgar uma ideologia
Para aproveitar melhor
A lua e o sol
A noite e o dia

Gritar alto
E não escutar
Os sermões chatos da minha tia
Apenas roncos de motores
Com vibrações de bateria
Colhendo flores
Pensando em orgias
As coisas simples
Truques com cara de magia
Rock, jazz, sexo
Ambos precisam de fantasias
Canto doce, afonia
Seresteiros na calada da noite
Puros cantos de anemia
Quem definiu melodias
Será que enquadrou gritos de socorro?
Ou o miado de um gato
Procurando a fêmea que se esconde vadia
Cantar...
Para entender toda sua pressa
Por que tanta correria?
Cantar...
E abrandar a dor que sinto
Talvez cantar
Traga-me de volta a alegria...

Geisiara Lima

Carnaval

O poeta e o folião:
Que é o corpo
Senão a alma?

Mas há os que não são
E apenas lêem
Como a velha que viu da janela
O sol nos rostos sob a chuva

Há também os que assistem
De um alto mais disfarçados:
O estrangeiro em busca de exotismo
E o nativo cônscio de fronteiras

Mas nós outros nos miramos nos espelhos
Que tínhamos aos milhões na nossa frente
Eternamente ligados no agora
Que nos revela o circulo do tempo

Marcelo Arruda

transpassar



P.W

Litoral

Nada é tão belo
Quanto às flores
Suspensas nesse litoral
Cercado de águas desertas,
Prestes a afogar o mundo.

Escuridão vazia
Só se vê o que é branco
Mas além de tudo,
Predomina o preto,
Martírio para o eu.

Uma lua
Branca, igual à neve
Descreve a sensação
De está a vê
O seu Jorge lá em cima.

Os capins parecem com um pomar
A diferença é que
Não precisa cultivar.
Existem apenas folhas finas
Que balançam,
Através da direção dos ventos.

Pollyanna Gomes

Telefonema.

Linha do horizonte.
Ritmo marítimo.
Tonalidades de verde.
As ondas quebram nas pedras.
Pedras polidas.
Pontas expostas.
Rochas esculpidas.
Nuvens sobrepostas.
Mundo enorme
será que ela dorme?

Solidão de lua quase cheia.
Areia de praia.
Teia de sentimentos alados.
Pés lavados.
A imaginação inventa.
O sono acalenta.
Mundo enorme
será que ela dorme?

A banda toca com reverência
a oração de São Francisco.
Ninguém quer saber de penitência.
Afinal, a evolução é nossa sina.
Fiel ou folião?
Qual das duas?
Muitos fogos na esquina.
A procissão do frevo anima pelas ruas.
Muitas pessoas acompanham na madrugada.
De longe se ouve da noite a risada.
Mundo enorme
será que ela dorme?

Parede de vento.
Maresia, calmaria...
Saudade-branca.
Amor sereno,
não estamos em lugares diferentes.
Estamos em corpos diferentes.
Portanto, moramos em dois corpos.
Mundo enorme
será que ela dorme?
É cedo, mas já não dorme!

Sandro Gonzaga

Insônia

Faço de tudo para afastar você de mim.
Leio livros, escrevo cartas.
Sem começo meio ou fim.
Penso no bem, penso no mal.
Na mentira e no real.

Olho a rua sem passantes.
Tomo chá, refrigerantes.
Durmo.
Acordo.
Não, não durmo nem acordo.
Situação estressante.

Ouço rádio, mas desligo.
Desisto, vejo tevê
Considerando castigo
Não escapar de você.

O galo escancara o canto.
Pia a coruja agourenta.
Gatos miam e quebram o telhado
Maneira de amar violenta.
Os ruídos crescem os ouvidos
E as horas correm tão lentas!

Sinto medo de caveira.
De alma de outro mundo.
Invoco todos os santos
De São Jorge a São Raimundo.

Choro, esperneio, enlouqueço.
Estou ficando maluca.
Mais uma noite, prisioneira.
Dessa terrível arapuca.

Rogo pragas, nomes feios.
Chamo você de demônia.
Faço tudo e não me livro
De você maldita INSÔNIA.

Sebastiana de Luordes

Magia

A magia que se perdeu em minha vida,
Magoou por dentro.
Dentre entranha ferida.
Dor estranha enfrento.

Sentimento sem resposta convincente.
Convite repetente que geme.
Pensamento, desalento inconveniente.
Voz que não fala, teme.

G(ô)sto de raiva, olhar carente.
Gosto de sentir carícia numa pedrada.
Quero a magia de minha vida novamente.
Pois sei que não há de sobreviver separada.

Vidal de Sousa

[...]

Hoje eu acordei
No lado errado da vida
Sem questionar
O que para muitos
Seria tão sagrado...
Minha cabeça
Doe devagar,
Eu já consigo sentir o que
Não há.

Wendell Nascimento

01 dezembro 2009

28 de Novembro

No Silêncio Interrompido se apresentaram os poetas de Goiana: Ademauro Coutinho, André Philipe, Philippe Wollney, Sandro Gonzaga, Thiago Albert, Vidal de Sousa, o pessoal do R.V.A. teve a participação do Durapson (ninho) de Condado e o Poeta Macarrão (Roberto).
Além das mostras de Vídeos: O verme da Alma, Passadouro, Transubstancial, O Mundo é uma Cabeça

O recital seria dentro do Centro de Enriquecimento Cultural Polytheama, porém por causas de BURROCRACIAS entre esferas da gestão política, não podemos utilizar o espaço interno. Resolvemos fazer no lado de fora mesmo, entre carros, calçada, motos e na rua.
A projeção foi na parede externa do cine teatro, o recital também.

O publico pequeno porém fidedigno, sábado a noite o Silêncio foi Interrompido nas paredes do Polytheama.


trabalho poético sobre Monólogo de uma Sombra (Augusto dos Anjos)



trabalho poético sobre Monólogo de uma Sombra (Augusto dos Anjos)



trabalho poético sobre Monólogo de uma Sombra (Augusto dos Anjos)



R.V.A



R.V.A


Colaboradores:
K.A.O.S, Ponto de Cultura Alafiá, IAPOI cineclube , APROMG, Charles Marinho, Toni (Bar Beta Estação)

...

por enquanto
é preciso separar
a letra da melodia
por ser inútil
ouvir minha voz
entoar nosso canto

por enquanto
é preciso retirar
meus versos da folha
por ser inútil
rimar teu amor
com meus versos brancos

por enquanto
é preciso rasgar
as fotos ao meio
por ser inútil
lembrar do que éramos
se não somos tanto

por enquanto
é preciso soltar
a tinta da pele
por ser inútil
carregar-te comigo
pra todo canto

por enquanto
não posso esperar
que apareças aqui
pra reunir tudo
o que fomos e somos
por encanto

Edmilson M. Segundo, [2009]

12 novembro 2009

DIA DA MÚSICA 22 de Novembro de 2009




todo 22 de novembro na cidade de Goiana se comemora o projeto 24h de música, idealizado pelo músico Italo Pay. Pelo quarto ano consecutivo o projeto conta com diversos pólos musicais espalhados pelo cidade contemplando os mais diversos estilos.
POLO ALTERNATIVO SILÊNCIO INTERROMPIDO 22/11.


Viva o 22 de novembro

Hoje é o dia em que os deuses invejam os mortais.
Nos invejam pois não podem ser enfeitiçados
Pela musa de mãos delicadas zabumbando,
Batucando, nas madrugadas, alfaias
Musa das noites de festejo.
Musa dos beijos e acordes.
Musa que em todas as falhas humanas produz melodias.
Sim! É hoje é o dia da música!
Da musa embriagadora,
Seus passos são ritmados
Teu corpo é a acústica perfeita.
Musica teus filhos alimentam-se de teu gozo.
Musica teus filhos alimentam-se de teu gozo
22 de novembro, eles gozam cantando!.
Philippe Wollney

ZEFA-DEÃO E O CINE URUBATAN

Foi nas décadas de 70 e 80
No município de Goiana
Vou contar uma estória
Para estes povos bacana
A terra é muito fértil
Mas o povo só planta cana

Existiu ali um ser estranho
Que era uma sensação
Seu nome ficou conhecido
Pois chamavam de ZEFA-DEÃO
Andava sempre falando só
De chapéu, guarda-chuva e um cajado na mão

O cinema era ponto de encontro
De uma geração privilegiada
A violência era pouca
Podia-se andar pelas calçadas
Hoje esta muito diferente
Todos atentos para não serem roubadas

Mas o que eu quero dizer
É lembrar, de ontem, hoje e amanhã
De tanto filme bom
Que assistir na tela do Urubatan
Terminada a primeira secção
Já anunciava o filme de amanhã

As saudades são tantas
Que eu nem gosto de lembrar
Tantas gentes interagindo
E outras querendo sentar
A parte debaixo logo enchia
E logo todos subiam para o primeiro andar

Um detalhe curioso
Era a primeira cadeira do andar direito
Pois ninguém queria sentar
E si tinha o maior respeito
Pois era quase cativa
E quem sentava, tinha que ter peito

Hoje está esclarecido
É se sabe o que é
Mas no tempo passado
Era difícil saber se homem ou mulher
Estou falando do ser
Que era nativo de Condado ou Itambé

Vamos ficar atento na estória
E vocês tenham convicção
Começamos a descrever agora
A vivencia de ZEFA-DEÃO
O bicho era feioso
E parecia um boi tungão

Certa vez um rapaz sem saber
Ficou na cadeira a sentar
Ele veio logo dizendo
Este gostoso, pode se levantar
O cara demorou a sair
Ele quis logo lhe maltratar

Canal 100 apresenta
Todos corriam ligeiro
Para ver parte dos clássicos
Que acontecia em SAMPA E RIO DE JANEIRO
Dos grandes jogadores e craques
Goleiros e artilheiros

A modernidade modifica as coisas
Que não volta já mais
Como a tranqüilidade na ruas
As pessoas transmitindo paz
Hoje está tudo diferente
É o ser humano e voraz

Quem sabe que SPLISH SPLASH?
Não foi dado no Urubatan
E alguém ouvindo aquilo
Não passou copia de manhã
Para espirar a letra da musica
Dos cabeludos cobertos de lã

Uns iam assistir os filmes
Outros iam para sarrar
Aqueles mais comportados
Si diziam namorar
Depois que terminava a comedia
Queriam logo casar

Como todo vivente
Ele tinha sua moradia
Até hoje ninguém sabe
Se era sua casa ou si escondia
Mas também era notado
Quando chegava no buraco da gia

Quando foi conhecer a praia
Foi transportado numa rural
O povo queria saber quem ele é
E ele quase morre no pau
Pois queriam descobrir o sexo
Daquele ser anormal

Então pedindo socorro
Logo veio gente ajudar
Não deu tempo para ver nada
Ele logo ficou a comentar
O negocio nem ta mole nem ta duro
E também não vou mostrar

Ate hoje não se sabe
E ficou a interrogação
Se era macho ou fêmea
Aquela composição
E assim continuo sendo conhecido
Com o nome de ZEFA-DEÃO

Sua ultima moradia
Ficava perto do cabaré
Era pau para todas as obras
Seja para homem ou mulher
Quem quisesse que mexesse com ele
Quando estivesse cheio de mereré


Morava em um lugar conhecido
Que se chamava beco das pedras
O cara era invocado
E só gostava de dinheiro em cedas
E quando pagava com outro tipo
Dizia que não queria aquela merda

Às vezes era engraçado
Quando ficava sentado no banco da praça
Fumando feito uma caipora
Muitas vezes fazendo pirraça
E para chamar os cuidados
Gostava de picolé de cachaça

O prédio ainda existe
É um ponto comercial
Do capitalismo selvagem
Que querem acaba com cultural
Pois daqui algum tempo
Não vai existir nem babau

Quem é que não lembra
Digo mulheres e maridos
Do filme que foi recorde de publico
Que foi Império dos Sentidos
De um amor compulsório
Por nós nunca assistidos

A telona esta difícil no interior
Só existe alguma na capital
Os filmes são piratiados
Mas tudo hoje é quase normal
As leis só existe para os pobres
E quem falar leva pau

O cinema viveu nossas adolescências
E hoje somos cidadão
Das boas lembranças na memória
E também das recordações
O tempo passa e não envelhece
Vamos sempre lembrar de tu, Urubatan e Zefa-deão.

Carlos Antonio Vieira

10 novembro 2009

Crise

Bush deixou Obama
De corda bamba
Agora tem que
Se sacudir no samba
Pra crise sair de banda
E voltar com uma nova chama
Como os brasileiros
Acessos cheios de esperanças

Ademauro Coutinho

ASILO

Sentados com a solidão, de frente ao corredor
Enfileirados, desprezados com a calmaria do dia.
Só esquecimentos, rugas e o silêncio...

O Silêncio que incomoda os pássaros que sobrevoam seus espaços.
A nostalgia não se sente mais,
Cadeiras de rodas, bancos....
senhoras simpáticas e caladas.

A marca da solidão é a referência deste lugar,
que se envelhece rápido demais.

melancolia nos meus olhos.
e lá fora o mundo acontece.

Alexandre Sá

Banquete de um verme

Chegaste a mim como um filho ingênuo e ingrato
Que desprovido de todo sentimento humano,
Suga minha essência como um delicioso prato
E eu sem perceber engano-me, esgano-me e rasgo
O coração que despercebido abrigava um rato

André Philipe

À MEDIDA QUE O TEMPO PASSA

Não sei o que se passa,
Por onde passo
Tudo se descompassa
À medida que o tempo passa
Porém, caminho passo a passo
Sentindo no peito o peso do descompasso.
E passo...
Pois pensando no passado e percebendo seu compasso
Sei que o descompassado se compassa
À medida que o tempo passa.

André Philipe

DESENHO

DESENHO
GOSTO DOS TRAÇOS FORTES
DO HOMEM (IN)SENSÍVEL NAS (RE)FEIÇÕES
COM PONTA FINA DO LÁPIS
N´ALMA
FURA FERE RISCA RASGA
PINTOR
AMA
DOR
AMANTE
EM CICATRIZES INCURÁVEIS

carol vitall

[...]

Tive um sonho estranho
Um estranho me olhando
Misteriosamente
Me lendo

Lembro!
Deus que me valha!

O frio no pescoço,
O rastro do vampiro,
A rede,
O fio
da navalha.

Cris Sousa

O desamor

Um pedaço de papel amassado
Revelou as dores do assombrado
Tijolos desalinhados
O arquiteto fez tudo errado
A porta podre
Balança, irrita, cansa
Como se estivesse dotada de vingança
As cores clareiam, envelhecem
Me chateiam
E se envaidecem
O marrom já não tem o mesmo tom
É amargo
O que um dia fora bombom
Olhos amedrontados!
Quem deixou os quadros desalinhados?
Estou ficando louco
Ou estão me olhando torto?
Vai dizer a eles
Que um dia alguém os amou!
Que nem sempre fui frio
Muitas noites exalei calor
Que já usei o pincel
Minha boca já escorreu mel
Que já pintei muitos amores em tom pastel
No mesmo papel
Que hoje descrevo
Meu destino cruel.

Geisiara

Filósofo Egoísta

Trabalhei por mim
Apenas por minha própria recuperação
Em vez de médico tornei-me escrivão
Costumava salvar vidas, ou não?
Quis deixar a monotonia que é esta profissão
E parti em busca de algo que me traz satisfação

A chance me veio assim em vão:
- Bendito anuncio na funerária!
Era comprida a carga horária
Pra você ver, hoje existe explicação
Até para morrer!
Era exatamente como quis
Sempre as mesmas coisas
Simples como um ponto:
“morreu fulano, morreu e pronto!”

Tornou-se emocionante,
Desculpe, mas me diverti
Vendo como num encanto
De olhinhos tão orgulhosos
Escorria tanto pranto
Meus inimigos morreram todos
E escrevi as notas de falecimento de cada um
Foi fácil!
Mas confesso, as dificuldades me vinham a nado
Quando vi meus amigos
Indo pro mesmo buraco.

Geisiara Lima

POEMA DEGOLADO

Posta a pratos limpos
A cabeça decepada
Do poeta eufórico
Do poema ilógico
Por ser carne e chão

Cremado sejam todos
Os escritos as blasfêmias
Espelhos falsos que dizem
Traduzir lama e gritos

Rasga o poeta vivo
Negras vestes do rei
Ele corta e sangra
Não o deixem cantar
Ele corta e sangra

Dizia de cegos e mortos
Aludia lamentações
Quando hipocrisia era prato
Predileto dos reis
Alegoria de iludido povo
Por que amava avesso
Em verso espada

El rei sacramentado
Aos gritos estampidos
Quero o poeta morto
A cabeça do porco
Aos cães danados
Quebrem o verso faca
Façam-no calado

Ponham sobre a mesa
Em bandeja posta
A cabeça submersa
Para que sirva de exemplo.

José Torres (Verso Avesso/1987)

[...]

Senhores donos da terra
Juntai vossa rica tralha
Vosso cristal, vossa prata
Luzindo em vossa toalha
Juntai vossos ricos trapos
Senhores donos da terra
Que os nossos pobres farrapos
Nossa juta e nossa palha
Vêem vindo pelo caminho
Para manchar vosso linho
Com o barro de nossa guerra
Nossa batalha sangrenta
Como diria Rosildo
Em Quixote e um Sancho Pança
Ou um Sancho Pança e um Quixote,
Pois não vale muito a morte
Mas a glosa que se entrança.
O verso mais que o poeta.
O canto mais que a viola.
Mais que a ida e do que a volta
A viagem, a descoberta.

Marcelo Arruda

Tropeço

Tropeço desde cedo em abraços, medos,
Cabeças, canaletas, em repetidas notícias, polícias
Na pedra infundada chamada Goiana.

Tropeço nas pontes, caio no rio
Pego à mão pássaros no açude, que ao soltá-los
Disperso minha tristeza e assim posso suportar outro dia

Tropeço, já não tenho dedão ou pé.
Cotó até os joelhos, perto do que pertenço
Barro, lama, saibro, asfalto.

Sou como flor que brota do estrume,
Que não importa, não comporta requinte,
Flor de mofo, alucinógeno, deveras.

Philippe Wollney

O Amor

Se o amor fosse uma música
Cantaria bem alto,
Até sentir o grito das cordas vocais.
Faria o possível,
Para encaixar palavras românticas.
Buscaria nos acordes um consolo
E nos sons agudos um choro.
Ao invés da dor e solidão,
Despertaria carinho e alegria.
Batucaria todos os tambores
Para formar um único nome.
Escolheria apenas uma
E faria dela a melhor canção.
Configuraria o duplo sentido
Para um único e verdadeiro propósito.
Caberia ao compositor
O dever e o desejo de escolha.
Escutaria com muita atenção,
Cada verso, cada refrão...
Com um significado útil
Passar uma mensagem
Que com o decorrer do tempo
Não se apague.
Mas, se o amor realmente fosse uma música
Faria dele o meu melhor momento.

Pollyanna Gomes

Rir pra não chorar.

À noite as lágrimas saem dos meus olhos.
Acordo na manhã triste,
e elas continuam a escorrer pelo meu rosto.
A alvorada surge nublada pela minha nuvem de tristeza.
A chuva cai.
O meu pranto lava.
Está frio.
Meu coração congelado sangra.
Minha angústia dilacera meu corpo inteiro.

Sento na sala de estar
e ouço minhas raízes negras vibrarem nos meus ouvidos.
Me recomponho de novas forças.
Sorrio pra não chorar ouvindo o mestre Cartola.
“Eu quero nascer, quero viver.”
Enquanto vida eu tiver,
vou continuar a rir pra não chorar.

Meu sol sempre nascerá da profunda escuridão.
Iluminará meus caminhos, meus sonhos, meus pensamentos...
Cantarei minha bela canção desafinada.
Sentirei a fragrância da alegria.
Chorarei a dor da solidão que sucumbirá afogada
no oceano do meu sorriso alto e reluzente,
meu sorriso universal e eterno.
Sorri, estou sorrindo agora e logo sorrirei,
porque enquanto vida eu tiver,
vou continuar a rir pra não chorar.

Sandro Gonzaga

Caminhos convergentes

Morte e vida.
Duas faces da mesma moeda.
Faz-se o precipício.
Resulta-se a queda.
O nascimento traz o desenlace.
Em seu bojo
Engano, pensar ser a morte.
Da vida o oposto.
Ao contrário, são intrínsecas.
Entrelaçadas.
Como a ostra e a pedra
Permanecem abraçadas.
Vida, veneno indispensável.
À existência da morte.
Como o azar é o gêmeo.
Irmão maldito da sorte.

Sebastiana de Lourdes

In-Verso

Verso o verso do corpo,
A cara do universo como simples equações.
Verso o tempo compassante,
Verso e tempo que já vivi,
O tempo que ainda não sei,
Mas sei que ele será como o sonho ainda não despertado,
O sonho ainda não vivido,
O sonho ainda não versado.
Verso os versos de paz e de loucura,
Aqueles que saem dos esgotos e das praças.
Verso os sussurros de dor e de prazer
Dos reis sem coroa,
Dos vigilantes cegos do destino,
Dos que não podem ser absolvidos ou compreendidos,
Apenas versados.
Verso o inverso do verso,
Como o espelho que mostro quem realmente sou.
E quem serei?
Eu serei como um simples rabisco, uma simples sombra
No lugar onde se encontra
A leveza e a perfeição de meu ser.

Thiago Albert

Casa dos ratos

Enquanto minha vó perde a visão.
Burlo as regras da sobrevivência.
Vou parar na feira com um facão.
E rasgo o papel de parede da inocência.

Ajoelho-me na Misericórdia.
Rezo uma oração.
Que quebre as correntes da discórdia.
Que amole meu facão.

Desço na Treze de Maio.
Só para me libertar.
Agora anda caindo raio.
O meu facão já quer matar.

Desço na subida do Rex.
Ao lado do grande vários lados.
Aonde já preguei com durex.
Que no carnaval desceremos melados.

Chego na rua direita.
Onde tudo acontece errado.
Onde um bandido se enfeita.
Quer um cargo? Está contratado.

E na frente da biblioteca municipal.
Que é da Maçonaria.
A câmara quebra um maior pau.
Só por causa de uma poesia.

Vocês que elaboram as leis.
Não passam de palhaços.
Sentados, rainhas e reis.
Roendo as roupas dos ratos.

Vidal de Souza

Não terá fim.

Em minha insônia os meus sonhos são presentes.
Não como o cansaço de ver o descaso dos olhos que não me conhecem mas sim,
como o teu amor que me dá forças e em plena tempestade me aquece.
Em meu sono os meus sonhos são futuros porque o delírio mais real que já pôde existir é a morte que vai manipulando as horas para convencer corações de que nada é em vão.
Por isso guardei o passado em uma fotografia e prendi a velhice no espelho para te ter sempre comigo, assim como os sonhos, como o passado, o futuro, o começo e o fim, a vida e a morte, assim como Deus.

Wendell Nascimento

08 novembro 2009

Movimento Portal Alternativo

BALÉ PERNAMBUCO SIM SENHOR



COCO DA CELPE (nazaré da mata)



POETAS SILÊNCIO INTERROMPIDO (goiana)



POETAS SILÊNCIO INTERROMPIDO (goiana)



HOMENS DE BARRO (tracunhaém)



PRISMA ORBE (goiana)


edição do Movimento Portal Alternativo, com sua proposta de diversidade cultural, apresenta grupos diversificados, parte da musicalidade de raiz (Coco, Maracatu); traz a transfiguração sutil do “balé pernambuco sim senhor” com a influências das Brincadeiras de Reisado; e desnuda a noite com a efervescência das bandas de Rock’n’Roll, entenda-se efervescência pelas atitudes das bandas incendiárias destes canaviais, o grito desalmado, beirando uma provocativa atitude anárquica de juventude com aplificadores/guitarras/overdrives; o ócio que nesta região se transforma em indignação, protesto, berros, desespero distorcido a base de fuzz.

Os poetas do Silêncio Interrompido vestiram-se da sub-derme, músculos e tendões desnudos de uma poesia questionada se vai levar à algum lugar. Ah... o caldo açucarado fervilhante das caldeiras endureceu como os homens. Por estas redondezas CANA // CAIANA // CAIADA // DE SANGUE ...
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06 outubro 2009

Movimento Portal Alternativo



31 DE OUTUBRO, EM NAZARÉ DA MATA (no parque dos lanceiros) AS 16:00h

ônibus grátis saindo de Goiana na praça joão pessoa (em frente da caixa econômica) 16:00h

parque dos lanceiros
16:00h exposição de artes
17:00h maracatu mirim
17:50h poetas [silêncio interrompido]
18:00h balé pernambuco sim senhor
18:50h poetas [silêncio interrompido]
19:00h coco da celpe
19:50h poetas [silêncio interrompido]
20:00h H.C canavial e homens de barro
21:10h poetas [silêncio interrompido]
21:20h rubros e tuvos
22:30h poetas [silêncio interrompido]
22:40h rek:d´helfos:immortal force
23:50h poetas [silêncio interrompido]
00:00h prima orbe
00:50h poetas [silêncio interrompido]
01:00h insano
01:40h cabeças podres

mais informações no [ http://mpalternativo.blogspot.com ]

04 outubro 2009

CANDEIA

É como um barco sem leme
Sopro sem pluma
Saudade sem cais
Lavrar o coração sem sol
E sentir o gosto salobre da água

Engendrar a ferrugem na veia
E ver o passeio estático das pontes
Varrer a poeira lunar
No cedo do ser revelar
Que pode um coração-afluente
Mirar outra paisagem
Serenadamente nua
Candeia

E assim derradeira
Nascerá mais bela e inteira
Doce e natural
Uma canção inexata
Cor de areia
Láctea chuva temporal
Inundando em mim

E assim
Toda estrada será a rota altaneira
Do há de vir do bem do Tao
E a fronteira final
Miragem
E um tom Sol
Claridade
E o tão só
Miragem

De: luiz Duarte / esso Guimarães

CHÃ DE CAMARÁ

Metafisicismo é palavra fugaz
Mas é incandescente é real
Se é proferida na boca amolada
Na boca certeira
De um menestrel

É poeira no vento
É vento na poeira
É o mesmo elemento nagô
Na cor da cordilheira
Da África moura
Na asa da cria
Da criação

Evocação do Quanta que há
Evocação do Quanta na raiz
Da voz do sertão que é mar
Que é ilha do ser
Enquanto sólido

Afora o “ismo” e a métrica
Afora a física concreta
Fica o caos divino
A nos soprar canções de Andaluz
De terras que eu não sei
Se um dia terei no olhar

Embora um azul teimasse em acenar
Sem eira nem beira
Foi lá em Chã de Camará que eu vi
A foz da aquamarina
Sagração do ser
Enquanto cósmico

(letra e música: luizinho Luarte / Esso Guimarães)

Ao modo de Bergson

As vezes eu quero a inércia das pedras
E apenas a terra como imã
Desejo o estado das ostras submersas
Que tem o mar
Quero os confins sobre as águas
E o ar
Quero sentir que mora em mim
Um rio um braço de mar
Um remador interestelar
Um beija-flor
Uma asa-delta
Aberta Sobre o arpoador
Que em pleno vôo
Congela

(letra e música: luizinho duarte / esso guimarães)

01 outubro 2009

Suely S. Araújo e Coletânea "cem poetas sem livros"




SOBRE A ANTOLOGIA CEM POETAS SEM LIVROS
por André Cervinskis


Chegou às mãos uma iniciativa muito interessante que gostaria de comentar aqui no INTERPOÉTICA. É a respeito da antologia CEM POETAS SEM LIVROS, organizada por Cristiano Jerônimo, do Movimento LÍTERA – Movimento pela Edição, Divulgação/distribuição e Consumo dos Livros Pernambucanos, com apoio do Instituto Maximiano Campos (IMC), lançado recentemente.

Não que a iniciativa seja inédita; várias outras antologias contemplaram autores iniciantes, jovens ou não. Numa época de efervescência literária em nosso estado, quando o advento das novas tecnologias (informática) permitiu aos autores lançarem seus livros por selos independentes, através de pequenas tiragens (gráficas rápidas) ou fabricarem livros caseiros, além de divulgarem em blogs ou sites suas produções, essa antologia segue a tendência mais que atual de democratização das letras; isso em relação à divulgação (autores inéditos) e ao acesso, por ter uma quota para distribuição nas bibliotecas públicas ou por conta dos preços acessíveis ao público.

A antologia, como um todo, é uma colcha de retalhos; acham-se nela bons e maus poetas, autores que são revelação e noutros que deveriam seguir outros caminhos, como a prosa ou a ensaística, por exemplo.

O formato dos poemas é livre e branca, em sua maioria. Não há um só soneto ou outra forma de métrica tradicional. A temática é variada, indo desde temas amorosos aos mais triviais, com versos criativos: qualquer amor qualquer/ tipo assim um amor platônico/ ou carnal carnaval carnacaos/ um amor tipo assim love/ um tipo assim amor Xerox/ sexy/ jontex/ um amor tipo assim/ fastfood/ Hollywood/ um amor tipo assim/ típico/ ou atípico/ apático/ ou atávico (Sob o amor, Eugênio Jerônimo).

Noutros poemas, o erotismo aparece de forma explícita, mas não vulgar ou recheada de lugares-comuns. Nesse sentido, é interessante lermos alguns trechos: a moça mostrou as coxas/ mas não mostrou a concha/ - a moça me mostrou a verdade - / só não mostrava a passagem./ a moça era um misto de sim e de não/ à beira da sinfonia do vai-e-vem/ - sem ir nem vir -/ a moça me deixou na mão. (Na mão, Leonardo Santana); Cama de incesto, cesto, susto/ Cama de busto/ Cama de corpos separados/ (...) Cama que suporta lento/ que agüenta tempo/ que ostenta tudo/ que sustenta nada (Camada, Rômulo Alves).

Há autores também que escrevem versos como se estivessem na escola primária; poemas sem lirismo, repletos de clichês: Sou frágil, mas sou azul como Carlos Pena Filho;/ Sou frágil, mas inesquecível como o velho Capiba;/ sou frágil, mas sou forte como Che ou Sandino;/ sou frágil, mas pernambucano como Chico em sua vida. (Sono, Guma); em meu nascer-das-idéias brotam serenos sonhos;/ Serenamente amanheço.../ Vem sereno.../ amanhece comigo./ Vem que em teu nome eu respondo por mim. (Sereno, Giselle Aguiar); Deixa-me dizer que te amo,/ Ainda que não seja verdade./ mas se você não deixar/ continuo a recitar este poema a outro. (Sinismo, Jonatas Castro).

Há também autores que pensam ainda estarem no século XIX, seguindo estilo parnasiano: Embriaguei-me no êxtase das ondas/ e deixei-me flutuar no farfalhar das brumas do inconsciente./ O sol deixou-me dissonante,/ enquanto garças sobrevoavam e devoravam meu fígado/ Por inúmeras eras, mas eu como um titã me regenerava. (Prometeu, Marcos Moura).

Há na antologia, porém, gratas surpresas. Uma delas é Suely Araújo, com seu erotismo desbragado, com claras palavras, mas de um ritmo e figuras de linguagem impressionante, seguindo o curso da prosa poética: Coma-me pelos meus pés, pelos meus anos, pelos meus pêlos e por meus enganos. (...) coma-me pelos lençóis entre sua form. Enquanto lhe permito provocar meu próprio grito, apenas coma-me. (...) Mastigue o meu punho, minhas veias azuladas, meus ossos, minhas almofadas, meus ouvidos, meu carpete, meu absorvente, meu cotonete./ O sal da minha pele doce, o mel que lhe revele (...) Devore meu tesão, minha carne, minha história. Mastigue o meu corpo e engula a minha memória. (Coma-me, Suely Araújo). Adélia Coelho, revelação nos saraus da cidade, como no projeto NÓS PÓS, abre magistralmente o livro, evocando a solidão com versos de fortes metáforas e imagens poéticas: Minha solidão se prolonga/ por todas as folhas desta casa/ Abre-se em cada grão de dia/ onde permaneço deitada/ em busca de sonho.../ (...) Minha solidão é alta,/ é morna, é líquida.../ Jorro seus versos em água pela sala.../ Rastro de sal. Rastro de sal./ Resto de sol. Resto de sol./ Minha solidão é ereta, é firme/ mas é sim impiedosa, cruel;/ por ora tem gosto e tom amargos (De sal e sol, solidão, Adélia Coelho).

Recomendo, sim, a leitura dessa antologia, principalmente para quem deseja traçar um perfil mais consistente da poesia contemporânea em Pernambuco, especialmente, mas não só, dos poetas mais jovens.

ANDRÉ CERVINSKIS é escritor, ensaísta e Mestrando em Lingüística – PROLING-UFPB
acervinskis@yahoo.com

Ensaio retirado do site da INTERPOÉTICA [ http://www.interpoetica.com.br ]

Download: Vidal de Sousa e NO EXTREMO NORTE DA MATA

COLETÂNEA POESIA 2009: NO EXTREMO NORTE DA MATA


http://www.4shared.com/dir/18482424/4c899173/sharing.html

VIDAL DE SOUSA


http://www.4shared.com/dir/18482424/4c899173/sharing.html



O Silêncio Interrompido Continua publicando poetas, ultimas publicações são de: Vidal de Sousa (A CONTROVÉRSIA DA DIVERGÊNCIA), é um dos idealizadores e produtores do Movimento Silêncio Interrompido; e o outro livreto NO EXTREMO NORTE DA MATA, é uma coletânea de poetas da cidade de Goiana. a diagramação dos dois livretos ficam por conta de Vidal. façam o Download e montem os livretos.

LINK: http://www.4shared.com/dir/18482424/4c899173/sharing.html

“Fração”

Um sexto de absurdo
Dois sextos de loucura,
A vida é fracionária,
Múltipla, divisiva e obscura.

Ademauro Coutinho

[...]

Não forneceram nenhuma palavra, ficou-se o silêncio.
Tudo era olhares voltados para o chão, expressões não expressas
O debruçar do suicídio em palanques repletos de alguma coisa,
Que por mais que tentasse se formar, sempre acabava numa
Abstração diferente da outra.
Absurdos e negações a cada passo o confrontar.
Reuniões de coisas sem sentido para tentar entender
Tudo aquilo que não foi dito
Cerimônias em relevos de secura
Amordaçamento alheio, penumbra.

Aluizio Fidelis

Despertar da morte

Sufocava em seu livre despertar
Despertava para não mais retornar
A condução era longa, o caminho estreito,
O tempo curto, tão curto que não ouve reação.
Os ossos trincaram, a mente não resistiu e ouviu
O chamado, um grito distante e estranho de
Se escutar.
Era a morte com seu lindo rosto e seu olhar
Que encantava e o guardava entre o seu ventre
No aperto quente e subliminar.

Aluizio Fidelis

Dragar

Dragarei a vida, como um sopro morto que sai da minha boca já lacrada
Por outras guerras travadas e sem o alcance de qualquer sucesso.
Reunirei todas as forcas do universo, em pro da minha própria seita.
Focarei, obstinarei o possível e o impossível para concluir minha missão na terra.
Recrutarei soldados com fome de almas, de almas encarnadas, de crianças
Ressuscitadas pelo ódio de quem as ressuscitou.
Destruirei o mau, os maus pensamentos que aqui ainda persiste em existir.
Devastarei as crias malditas que estão por vir, devastarei a mim mesmo.

Aluizio Fidelis

Os treze

Eu, monstro de ausência.
Criança petulante.
Guerrilheiro de uma seita fúnebre.
Andarilho das pernas amputadas.
Mágico das mágicas não executadas.
Ator do teatro da farsa.
Portador das chagas da vida.
Colhedor das vastas misérias.
Invocador dos mais profundos e remotos sentimentos.
Intruso no cenário do amor.
Ser supérfluo e cheio de ambições materiais.
Cria de um outro alguém, ninguém.
Pequeno instrumento de guerra, a serviço do pro genitor.

Aluizio Fidelis

Abstrato

Sou o grito que ninguém gritou
O soar das doze trombetas
A ressurreição daqueles que não foram e vivem a vagar
Sou ele, aquele que ninguém ouviu falar
O que enviou fé através da dor e sofrimento alheio
Sou o vento frio que traz calafrio e revive pensamentos
Que nunca foram esquecidos
Sou Judas, sou Abraão, sou aquele que o renegou três vezes,
O desconhecido, o inconfundível,
A sombra de um feto em formação, a escuridão,
O que vaga a procura de sangue novo
O que não deixa suas vítimas escapar,
O impiedoso, o abstrato,
Aquele cujo o nome não pode ser pronunciado.

Aluizio Fidelis

REINO

Memória extensa ao alcance de tudo que se perturba e deplora
Antro de discórdia, cubículo de chão escavucado e imundo
Restos em retalhos, faces do passado, expressão de tormentos
Vividos entre labirintos e intimidades.
Enclausuramento, abstrações da mente, mundo desconhecido
Invisível aos olhos e pensamentos.
Cria o próprio ninho de refúgio.

Aluizio Fidelis

Antes do mesmo

Cada passo de uma vez
Não se pode ir, mas irei.
Irei em busca do que não sei.
Caminharei por lugares
Onde o desconhecido habita
E faz jus ao seu nome.
Cenário da contradição
Traz consigo uma vasta ilusão
Triada para despertar
Tudo aquilo que está arquivado
Em minha memória.
Lembranças, fleches, alucinações,
Labirinto estreito repleto de aparições
Aonde revejo tudo
Até o passar do presente, do futuro.
Até o teatro que em outra hora tive que atuar,
O mesmo que tinha uma passarela
Que caminhei há uns séculos atrás.
O mesmo teatro que presencio
O horror de vida ausente distorcida.
Ressentimentos e mágoas abismais,
Submerso e em traze
Desperto e percebo
Que tudo isso não passou
De um sonho confuso que sonhei
Antes de dormir.

Estagnado, perturbado e cansado.
Tento refletir
Mas não consigo, e, novamente
Começo a divergir para um mundo
Aonde não conheço nada,
Só marcas registradas
De que aqui ninguém passou.
E desencontro tudo
Como uma profecia escrita
Por um velho senhor em seu leito de morte.
Retorno ao ponto de saída
E relembro que não houve partida.
No estresse pós-traumático
Esqueço e durmo
Mas os problemas apenas começaram.
Os pesadelos vêm para enlouquecer-me,
Atormentar, levar minh’alma a outro lugar
Distante, aonde sou o mais fraco
Dos seres.

Aluizio Fidelis

Introduzir-se

Viestes a mim como filho bastardo
Chegastes igual a um mendigo
Recolhendo os trapos de um outro alguém que aqui passou
Contastes histórias mirabolantes e cabulosas
Que não convenceram aquém a tu contou
Mistificastes árvores, seres, pensamentos e saberes
Destes o lado avesso do entender
Criastes mundos paralelos repletos de utopias
Rebatestes teorias
Usurpastes o direito de todos compreenderem
Falastes pelos cotovelos em som de sinfonia
Ao mesmo tempo em que perguntavas respondias.
Qual o teu objetivo no meio destas pessoas frias
Cujo o propósito é ver teu desespero e agonia?

Aluizio Fidelis

Cotidiano

Acorda
Corre, pára.
Engole,
Corre, pára.
Trabalha,
Corre, pára.
Descansa,
Corre, pára.

Corre, corre, pára.
Corre, pára, corre, pára.
Corre,
Morre,
Pára.

Cris Sousa

poeta

poeta
Píndaro Barreto: rimas
não consigo – as rimas – só as incorretas

do barro – o homem
e voltou ao barro – poeta não morre
somem:
um poeta vai para as estrelas – dorme

minhas idéias foram sendo
homem
andando
correndo
voando

Carol Vitall

Cantar mais que preciso

Dessas coisas sem limite
Canta o poeta a riste
Coisas que ao verso se prendem
Por ser trama e entranha

Não diz o homem cru de terra
Com a boca da despeja
Nem com olhos petrificados
Diz sim o coração
Com a perfeita marcação
Ponto a ponto fraseado
Rasgando garganta afora

Dessas coisas sem limite
Diz o poeta como abortado
Que parí-lo é preciso
Mesmo sangrando o poema

José Torres

Versos de um suicida

A conta, que eu parto já!
Quero saber quanto devo
Ao mundo. Quero pagar,
Pois sei que devo, não nego.

Parto. Sei que sou o eterno
Pagante deste banquete
Conhecido por moderno
Capitalismo burguês.

Pago e deixo pra vocês
A dívida pra rolarem
Como e pra quando quiserem
Os pagantes pratos serem.

Marcelo Arruda

Por cima do literato

Sobre livros, nós
Gemido em cima dos livros
Que falam do natural
Estados naturais e
De uma espécie estranha
Chamada amor.

Philippe Wollney

Medo.

O homem de memória
lembra do laço que se desfez.
Atrás da história
segue com passos vacilantes
pela rota escolhida.
O vestígio ficou para trás.
O agora é resultado de outrora.
Os canais estão abertos...
Chegou à hora de ir embora
novamente pelas ruas provincianas.
Instáveis somos conduzidos
por efeitos produzidos
nas situações cotidianas.

A percepção está aflorada
para não tropeçar nas pedras.
O bem e o mal andam juntos
na natureza, nas ações humanas...
O desespero e a esperança...
O desespero queimou num lugar...
Sua fumaça subiu para longe...
A esperança passeia pela sala
senta numa cadeira
à mesa ornamentada.
O espelho que reflete
através da janela aberta
um mundo superficial e artificial:
Casas, antenas, postes...
Aquela estrela apagada pela nuvem densa
que se aproxima.

A chuva vem com luzes e sons
para esfriar a noite.
Pensamentos, descobrimentos...
O inimigo nunca se separa de você.
Onde está indo?
O que fazes?
A tempestade vem...
Está levando consigo tudo por onde passa.
Você fica ou vai?
Eu não quero me molhar,
posso ficar resfriado.

Sandro Gonzaga

Flores de chuva

Minha casa não tem porta.
Nem telhado, nem janela.
É sem tranca e sem tramela.
De tão velha, ficou torta.
Comigo ninguém se importa.
Nem mesmo meu bem-querer.
Que espero um dia bater
Nas portas do meu coração.
E entrar com permissão
Na saleta do prazer.

Sou casebre sem parede.
Tranca, retrancas ou teto.
Meu bem é o arquiteto.
Dispenso camas ou rede.
Sou água da sua sede.
O doce acre da uva.
Estrada reta sem curva.
Sou tapera sem biqueira.
Onde em noite de goteira.
Caem no chão flores de chuva.

Sebastiana de Lourdes

Floresta nossa

Floresta nossa que olhais o céu.
Que Amazônica seja o vosso nome.
Preservado seja o nosso reino.
Seja feita a vossa vontade.
Neste resto de terra onde fincais os pés.
O desmate de cada dia vos desfaz hoje.
Perdoais tantas ofensas.
Embora não perdoemos a quem vos tem ofendido.
Não deixeis a lei dos homens cair em tentação.
E que livre todas as árvores e plantas do mal.
Amém.

Sebastiana de Lourdes

[...]

Vida,
Vi-a na via compassante
Passageira sem passos
Estática,
Sem referencial.

Tal como uma foz,
Turbulenta, mas tão igual,
Ao segundo que perdeu-se
No oceano do trivial.

Thiago Albert

Trago sombras/sem corações

Agora engulo sombras.
Para me recuperar desta noite cortante.
Para me cortar nesta noite horripilante.
Noite de lombrigas, longas brigas e lombras.

Noite de medo. Sono que não trouxe
De agonia apagando o fogo.
De ferro furando o olho.
De velhos sorrindo a toa na esquina com algodão doce.

Noite de casas que ganha vida.
Que nasce na rua das porteiras.
Que não cega uma parteira.
Noite que não apara sonho. Não prepara saída.

Noite de sons que não são canções.
De trago que não trago.
Noite que congela lago.
Noite que gera criaturas sem corações.

Vidal de Sousa

Qualho

Tento não coagular os desejos,
Que marmorizam-me faminto,
Que denuncia queijo,
E o cheiro a quilômetros sinto.

Tais cobiças não posso alimentar
Porque nenhuma resposta recebo,
Recibo que tenho de aceitar
Num tchau alegremente acerbo.

Todos os dias tento me controlar
E ainda não consigo quando sou percebido,
Diluindo com um leve machismo no ar
E vendo o que já foi triturado ser incansavelmente dividido.

E piora a cada maçante semana,
Quanto mais qualho mais incontrolável,
A cada despedida a esperança engana,
Torcendo este ser deplorável,
Num sorriso de moinho de cana.

Vidal de Sousa

Resto do meu dia

Alimente-se dos segundos que sobram de meu dia,
Abra as portas da gaiola,
Permita que tua parasita haja sobre mim,
Degrada-me
Que me agrada te ver sorrir,
Suga o desnecessário que é bom pensar que é feliz,
Pisca não,
Lambe até os ossos,
Pois o que é nosso,
...é em segundos!

Vidal de Sousa

Meu lado calado

Sinto uma dor
Que não me dói
Em um tempo indefinido,
Travo uma batalha vã,
Contra ninguém,
Meu velho amigo.
Faço do ódio de não ter raiva
Um sorriso
Por que meu sangue
Ainda congela um calor frio
Por saber,
Que o maior impulso
Da certeza
É a dúvida.
Nas vezes que estou sozinho
Te espero sem nexo
Pois não marquei hora
Nem assinei o teu contrato.

Wendell Nascimento

Barcarola

Ela passava, passos instáveis; ora cravo, ora rosa. A areia quente exalava cheiro da paisagem, um tanto maltratada pelo descaso cotidiano. Tá vendo, filho? O dia tá lindo hoje, um sol bem brilhante... Humm... Umas poucas plantinhas, insignificantes, as coitadas, acenavam sem sucesso. Tudo bem, eles estão ocupados, mas um dia olharão para nós. Ela olhou, logo após tê-las chutado, o chinelinho rodopiou escapulindo. Pára de chutar, bebê! No futuro vai ser bem jogador de futebol. É cedo pra pensar nisso. Realmente, ela não queria perder tempo com devaneios. A espera, bem sabia, ia ser longa.
Ela aparou-se na sombra, acariciou a barriga, murmurava num dialeto infantil, levantava o rosto para a brisa que convidava para o verão. Não, agora não. Ele vai chegar lá, já, já. Vem de longe, o atraso dá pra agüentar. Pára um senhor, muito suado, boné do Corinthians. Quanto é? Vinte e cinco, moça. Tem de todo sabor? Tem de todo sabor. Um de limão. Seu troco, obrigado. Ela pegou sem responder, talvez nem tivesse dado conta. Olhava o povo que ia e vinha por perto. Calma, meu filho, papai já vem.
Ela estava muito desligada. Ansiedade tem dessas coisas. Mordiscava com sensibilidade e avidez o picolé, brilhavam os lábios refletindo a eterna busca da própria língua. Liga. Ligo? É melhor não, ele pode ficar com raiva, não gosta que encha o saco assim. Pega o celular, senta e perde tempo com uns joguinhos. Vai passando um pedacinho da eternidade. Um estalinho a atira de leve à atenção: o que foi? Uma briga lá do outro lado, moça. Melhor não ficar por aqui. Ah, valeu! Obrigada. Já, já vou sair.
Ela sentada olha o mar de gente, sexta-feira, arruma o vestido de flor, quer que não atrapalhe a visão da barriga, talvez querendo a visão do feto. Balbucia mais uns mimos, não se importa com a maré de má sorte dos últimos tempos. Papai já vem, fica quietinho! Não chuta! Olha os seios fartos, as pernas cheias e bem contornadas. Sente-se desejável. Orgulha-se, mas não dá tanta atenção às cantadas típicas daquele local. Tira uma foto com o celular, beijinho para a câmera, vê as nuvens enchendo o céu da tarde. Tá vendo lá? Olha só, aquela nuvem parece um sorvetãooo... Bem grandãooo... Aquele parece um barco, ali um peixinho, nadando no céu, hein, filho? Mais um grupo passa, nada da espera passar. Sem desespero, levantou-se, espreguiçou-se com as mãos na cintura, deu uma volta por perto pra comprar um lanche, pisou na pobre da plantinha outra vez, nem percebeu.
Ela vê o movimento aumentar, gente para lá e para cá. Pena não poder aproveitar esse verão, quando ele chegar, aí sim. Não sentia tédio, contentava-se em observar, as pessoas para um lado e para o outro. Celular descarregou. Porra! E se ele ligar? Acho que não, ele prometeu que vinha, ainda tá cedo, né, filhote? Abre um pacotinho de jujubas, engole umas duas de uma vez e senta num cantinho. Assopra. Ri. Ri para uns dois homens que passam. Um deles percebe, ela disfarça. O rapaz sente algo estranho. Tá passando mal, moça? Não, não, tá tudo bem, brigada... E assopra, morde os lábios num desajeitado sorriso de gratidão, estragado por um espremido e indesejável ai. E um mar de gente cruza, mal liga, quase chuta, como quem chuta as plantinhas amassadas nas frestas das calçadas. Uns dois se assustam, correm. Até uma mulher meio trêmula correr para perto. Assopra. Calma, papai já chega... Ai... Que que ela tem? Eu não sei, eu... Corre, pede ajuda! Ai... Calma, respira fundo, minha senhora. Ai...
Ela assopra com mais força, com mais desespero, exibe um sorriso meio chocho, segura os ais com todas as forças. Um policial chega, não sabe o que fazer. Já uns mais desocupados cercam a cena. Uma gota de lágrima cai, uma de sangue também. As flores do vestido manchadas, murchas, não mais tão vivazes. Ai... Calma, minha senhora! A mulher rasga um pedaço de pano, segura as pernas. O sangue ferve, escorre, uns dois pivetes que saíam do trem começam a rir. Calor... Ai... O policial pede espaço. Ela grita mais alto, já sem segurar, como se visse os zunidos das pessoas. Os dois rapazes dizem ter chamado uma ambulância. Outro trem vai partir, as pessoas se apressam. Uma senhora pede o celular dela. Quem sabe se chamar algum parente... Não consegue. O trem parte, as pessoas evaporam. Ela cava o chão com as unhas. Ai... Força... Um outro passa com um isopor. Alguém compra água, joga no corpo, dá de beber. Bebê. Calma, papai já vem. Sai um trem, chega outro mais. Um grito maior, pra dentro, engolido, engasgado no choro. Um mais sensível chora. Chora a criança, nas mãos da senhora que passava. O cordão, a gente tem que cortar, arranja algo! Arranja! Um arranjo foi feito com um canivete do policial, mais água pra limpar. Três de branco entram na estação, abrem uma maca pra levar a moça até a ambulância. Não! Eu não vou! Me deixa em paz! Ele já vem! Ele quem? Ele já vem. A outra mulher, com as mãos manchadas do sangue por baixo do vestido de flor, deixou escorrer uma lágrima. O policial não sabia o que fazer. O bebê chorava. Calma, papai já vem. Os homens a agarram, uma injeção, ela reluta, puxam o bebê, ela reluta, esperneia. Não! Não! Ela se acalma, aos poucos pára, olha grogue para os curiosos, sorri. Tenta falar enquanto os demais aplaudem a mulher que prestou socorro, ainda muito tensa. Tenta falar enquanto é posta na maca...
Respira...
Calma...
Papai já vem...
Papai...
Já...
...
As pessoas correm, outro trem vem chegando, a areia quente trazida nos pés dos outros exalava o cheiro da paisagem, um tanto maltratada pelo descaso cotidiano. Umas poucas plantinhas, insignificantes, as coitadas, acenavam sem sucesso. Tudo bem, eles estão ocupados, mas um dia olharão para nós. Todos correm, já é hora. Um homem vende água, outro picolé. O policial conversa com a mulher com as mãos sujas de sangue, oferece-se para ajudar na limpeza. Você vem sempre aqui? Claro, é caminho pro trabalho. É mesmo, é? Trabalha onde? Lá na zona leste, perto...
A conversa vai baixando, tornando-se insignificante.
O mar de gente vai e volta.
Tocando o barco.

Wander Shirukaya

20 setembro 2009

7 de setembro (relatório)








No desfile dos excluídos goianenses o Silêncio Interrompido junto com o Maracatu Baque Fulor vão as ruas com seus soldados coloridos armados de ritmo e dança onde a única regra é faça você mesmo. A nossa marchar é no compasso das alfaias, o nosso mascote da independência é o Bumba meu boi. Na verdade não da independência e sim dos Independentes. Independência & Vida!

Silêncio Interrompido
Por que neste país tudo só se resolve no grito:
Quem dá mais
Três por um Real
Vamos tentar a sorte
Independência ou morte
E quem não chora não mama
Todos com orgulho do Brazil
Essa pátria ou puta que nos pariu?

Poetas da independência ou da interferência?
Marchando unidos virando os copos
E nosso brado será ouvido
No dia seis de setembro deixamos o legado
- E quem precisa de ordem, e este progresso macabro?
Vamos dar fim ao que Pedro segundo fez de improviso
Todos bestialmente livres brindar pelo Brazil
Essa pátria ou puta que nos pariu?

Philippe Wollney

22 de Agosto de 2009 (relatório)

vídeos poesia concreta

curta de "mãe nininha"

artesanato

livretos

vinís

instrumentalha

luiz duarte

lucas mendonça e thiago laranjeiras

one black two white

os doidos todos reunidos


22 de Agosto de 2009
Silêncio Interrompido comemorando 40 anos de Woodstock, 20 anos sem Gonzagão e Raul.

Rolou de tudo: recital, mostra de vídeos poéticos, curta metragem sobre coco de roda, feirinha de artesanato, lançamento dos livretos dos poetas goianenses, lançamento da antologia “cem poetas sem livros” do movimento LITERA-PE, apresentações musicais com a INSTRUMENTALHA; LUIZ DUARTE; LUCAS MENDONÇA E THIAGO PEDRO; ONE BLACK TWO WHITE.

Uma das realizações mais participativas do Silêncio Interrompido. Agradecemos a todos os amigos, brothers, chegados, colaboradores e participantes do eventos, a Sociedade 12 de Outubro e ao PONTO DE CULTURA ALAFIÁ.

19 agosto 2009

22 de Agosto // Silêncio Interrompido




“A cidade não para a cidade só cresce” pra cima, pros lados, para baixo.
Para baixo com matutinas cova rasas, para baixo com encanações de esgoto entupido, para baixo o IDH.
E fica densa. O ar. Fica densa, ruas, [dês]calçadas dormitórios.
Inchada. Inchada os pés, ociosidade canavieira de garrafa e copo na mão.
Inchada a cara, pupilas dilatadas por hiper-saturação de fluxo de informação, virtualidades em pontas de dedos alto-contraste na ilusão do ego.
Inchada, de flertes ecumênicos, frenéticas tentativas anti-gravitacionais.
“A cidade não para” e não se cala!

Silêncio Interrompido
Dia 22/08 (sábado), no clube Saboeira a partir das 17:00h
Rua Direita, Centro, GOIANA-PE.

De graça!!! Entrada Franca!!! É sem pagar!!! (entendeu agora?)

- One Black Two White
- Luiz Duarte
- Instrumentalha
- Lucas Mendonça
- Dj Mobius
-Recital Poético (Poetas Goianenses)
-Lançamento de Livretos
-Lançamento da Antologia Poética “cem poetas sem livros”
-Mostra de trabalhos do Artista plástico Alexandre Sá
-Mostra de artesanato: Moabe
-Mostra de Vídeos experimentais

Apoio: Xerox Líder Color e Ponto de Cultura Alafia.

18 agosto 2009

SPOT DO SILÊNCIO INTERROMPIDO / 22 DE AGOSTO


Alô, alô, galera!
Está chegando o dia!

Produzimos um spot ( a vinheta) que estará nas ruas ainda esta semana, divulgando o evento!
Está disponível para download no link abaixo:

DOWNLOAD

Ouçam, se divirtam e divulguem!

=)

09 agosto 2009

nova data Silêncio Interrompido 22 de AGOSTO




agora vai!
vamos lá, o Silêncio será mais uma vez Interrompido. pode chegar durante a tarde que vai estar rolando um som, poemas, vídeos.
no início da noite (19:00h), o lançamento dos livretos poéticos do grupo:
Ademauro Coutinho,Mayra le Fay, Philippe Wollney, Sandro Gonzaga, Sebastiana de Luordes, Vidal de Souza e Wendell Nascimento.
o Lançamento da Antologia Poética do MOVIMENTO LITERA-PE (recife) intitulada "CEM POETAS SEM LIVROS" no qual sete poetas Goianenses Participaram, seguindo a noite, Recital.

apresentações musicais

One Black Two White (HC melódico)
Instrumentalha (tributo a Gonzagão, instrumental)
Luiz Duarte ( Luizinho é Luizinho)
DJ Mobius (eletrônicos ou discotecando ou nas mostras visuais ou nas esculturas ou, ou...)

mostras de Vídeos,
e a presença dos artistas Alexandre Sá e Moabe.


Silêncio Interrompido 22 de agosto (sábado)
16h clube Saboeira,Rua Direita/Goiana-PE

LITERATURA
lançamento de livretos e da antologia poética
"cem poetas sem livros"
Recital poético

MÚSICA
One Black Two White
Instrumentalha
Luiz Duarte
DJ Mobius

ARTES PLÁSTICAS
Alexandre Sá
Moabe

VÍDEOS EXPERIMENTAIS


OBESERVE E ABSORVA

04 agosto 2009

...

nós também somos ibéricos
perdidos em jangada de pedra
pixando muros pela europa
ou espalhados pelo mundo
feitos de uma substância
que vira pó fácil fácil

somos haitianos sem rifle
angolanos sem perna
timorenses sem cabeça
balcânicos mas não sérvios
indianos mas não falamos inglês
sul-africanos e não bebemos tea
afro-americanos e não cantamos rap
chineses de hábito laranja
ingleses irlandófonos
espanhóis bascoparlantes
neobolivaristas inermes
cubanos cubanos

nós também somos ibéricos
cantamos fora de ordem
haiti língua eu sou neguinha
só os raps de caetano
e nascemos noutra jangada
ancorada da bahia ao maranhão

nós somos nordestinos
e não vamos pra são paulo

[03.02.2008]

Edmilson M. Segundo,

30 julho 2009

15 de agosto Silêncio Interrompido

Silêncio Interrompido no dia 15 de agosto em Goiana-PE.




não iríamos deixar passar os 40 anos do festival woodstock passar batido. ah.. e tem os 20 anos sem Raul. Levem seus lenços coloridos, suas roupas tingidas a Tai Dai, chamem seu tio Beatnik (se sobreviveu) e traga seus trampos para manguer.
até lá. e logo mais.... mais informações.

Observe & Absorva

03 julho 2009

Submersos no vazio

É muita coisa para cabeças vazias com ânsias de nada
Opiniões baratas e compradas, vontades forçadas
Apenas palavras em distorção
Flores regadas por qualquer mão
Quadros pintados por um artista sem noção
Esculturas mal feitas sem nenhum plano de elaboração
O rito conduz à submissão
Grande demais pra se descobrir, pequeno em si pra existir

Aluizio Fidelis

Mórbida

Eu sou a capacidade mórbida de um coma que vegeta em êxtase com nada.
Um paciente em constante convulsão
Um arbusto seco que faz sombra para o aborto em decomposição
O odor de necrose de um cancerígeno
A mulher que será violentada pro resto da sua mísera vida
O descompasso do frustrado
O arrependimento de um ser que rejeitou a sua cria
Um vazio em crescente combustão
O estreito curvo
O lado afetado da geração.

Aluizio Fidelis

Relatos de um intruso

Vem como um vulto, para a sombra, os pobres de crença
Passa leve, tão leve que o chão se desfaz.
Intruso confuso, indo de encontro à perdição, relatando fatos
De horror e possessão.
Fluido negativo, porta aberta para quem?
Carnificina na mente de quem convém, é um fardo que se renova,
Trazendo novas crias do além.
Criadouro da zombaria, risos pelas costas, ironia, pensamentos degenerativos,
Piadas feitas todo mísero dia.
Sonhos, fendas para novas agonias, pesador se diverte, presenciando
O desespero, esse momento de estrema nostalgia.
Influência nefasta, entorta e atrasa, qualquer forma de manifestação contrária.
Flagelos expostos, conseqüência de um mundo inclinado para a perversão.
Domínio imediato, impregnação, daqueles que estão obstinados à real destruição.

Aluizio Fidelis

[...]

Não há vida, nem estratégias e caminhos a serem seguidos.
O que se desfez não é o mesmo que foi concebido.
No auge das armadilhas pronunciadas, os fatos à expressão falha
De bruços e de mãos atadas, o conformismo e o corte e a navalha,
O impulso, a hora marcada, a rua sem entrada, os trincos
Quebrados, a ilusão disfarçada
Bem longe sem alcance do tudo e do nada,
Sem justificativas ou histórias a serem contadas.

Aluizio Fidelis

[...]

Memória extensa ao alcance de tudo que se perturba e deplora
Antro de discórdia, cubículo de chão escavucado e imundo
Restos em retalhos, faces do passado, expressão de tormentos
Vividos entre labirintos e intimidades.
Enclausuramento, abstrações da mente, mundo desconhecido
Invisível aos olhos e pensamentos.
Cria o próprio ninho de refúgio.

Aluizio Fideles

O ósculo da morte

Sou reflexo de sobra
Na falta de uma luz
Sou dobradiça dos olhos de ninguém
Sou a coisa mais esperada e a mais temida
Sou o começo da dúvida e o fim da mesma
Sou o lado seco da chuva
Sou a opinião do espelho
Sou a vigésima quinta hora e o décimo terceiro mês
Sou a fome da terra e a ferrugem da carne.

Wendell Nascimento

Ziquizila

Ziquizila da noite sombria.
Chão infalso.
Corda que se partia.
Falso calço.

Ziquizila do moribundo.
Noite madrugada.
Motivo do fim do mundo.
Transa que não agrada.

Ziquizila do intelecto.
Misera no couro.
Sobra de dialeto.
Praga banhada de ouro.

Ziquizila de rato que urina.
Doença que pega.
Tristeza junina.
Depressão que se entrega.

Querida Ziquizila de esgoto.
Martírio de enfermo.
Vivo quase morto.
Corpo mais que ermo.

Ziquizila babenta de comigo ninguém pode.
Queda íngreme de escada.
Banho de lama, carne de bode.
Tosse de sangue, morte de nada.

Vidal

[...]

De longe, ouço o sino que me chama
Como o pai cujo filho pródigo sente a volta.
A princípio, só verde, só cana,
Gana de ter aquilo que um dia fui e até hoje invento.
No céu, uma cruz se confunde no horizonte
Com a estrela D’alva a iluminar-me,
Marcando a vida e morte de meu ser.
Quase nunca te vejo, mas em qualquer era sei quem és.
Suja, degradada, entregue a vermes institucionalizados
Que exibem as suas famílias
tal qual a leitoa gorda que têm orgulho de seus leitõezinhos.
Mesmo com todos os parasitas
que consomem este teu velho corpo,
estas tuas velhas fachadas,
estas tuas cruzes de pedra que brotam de tua pele,
Ainda sim te amo com a mais terna baixeza.
Tu, ama de desejos impuros
Que me gera a ânsia nostálgica de antigos gozos.
Que, em teu ventre, em teu centro,
Fui concebido pelo incesto de seus filhos:
Negros, caetés, galegos, quilombolas, marisqueiros, pescadores e antigos marinheiros
Que gozavam no rio de teu ser
Que apesar de fluir,
continua reto e negro em seu antigo rumo.
Goyanna, esta que me atrai como um imã,
Me traga embriaguez das noites insones,
Onde me banhavas com vinho de tuas veias abertas,
Me fazias beber do suor de teu rosto,
Aguardente de cheiro da negra verde cor de teus cabelos.
Estes teus fios de quando em quando tu cortas com a labuta de tua prole, após provar do ardor do fogo do inferno,
Apenas para satisfazer o fetiche do cliente mais rico que tem seu orgasmo ao ver-te no cume de sua degradação.
Tu,
prostituta sifilítica, cadela com calazar terminal, noiada com o mais humilhante vício,
Me mostres o que me prende à barra de tua saia,
Tal qual menino indefeso com a vida lá fora.
Me tragas a dádiva de provar teu gosto só uma vez mais
A este filho que é teu escravo.
E, tal como os que tens em todo sempre,
Nunca cansa de te cantar em versos e cânticos.

Thiago Albert

Fugaz.

Fugindo da razão escapa,
dispersando o resto das cinzas...

Domina na certeza da efemeridade,
deixando feridas incicatrizáveis.

O tempo se encarrega da decadência
daquela que um dia será queimada como as outras.

Na fogueira seu grito se abafa.
Em cinzas esquecidas acaba.

Para o nascimento de outra...
Que também morrerá na descrença.

Sandro Gonzaga

Canções Guardadas

Cordas para quê?
Se posso ter as teclas
Oito já se foram
Estão guardadas
Um dia talvez
Serão descobertas
Ou quem sabe até
Re-escritas.

Não adianta
Mostrar ao público,
Para eles pode não significar muito,
Para mim,
É a minha vida
Escrita em composições
Tristes,
Românticas
E melancólicas,
Algumas inacabadas
E perdidas
Mas que no final
Dão origem a canções
Desconhecidas.

Pollyanna Gomes

Transparece

Ofereço-me nu e pervertido nos meus versos
Falar o que os outros secretam
Pintar minha cara e ir aos gritos
Derramando sentimentos pelas ruas

Sei que me procuram
Pelas minhas meias verdades
As farsas também eu sou
Não há esconderijo
O poema transparece o meu eu cretino

Philippe Wollney

Ócio é a idade dos poetas mortos

Gostar de futebol e ser marido
Inspira mais cuidados que um poema
Barroco, porque se quer pena
Com que se compense o proibido

Embriagar-se à noite, sob estrelas
Faz-se mister, porque romantikitsch
E, à sobra inevitável do fator humano
Celebraremos o que não existe.

De sorte que ilusão e morte
Sob a égide da vida coexistem
E, fosse eu o mago do universo,

Faria apenas uns poemas tristes
Com o dom de reviver o mar vivido
Com a alegria de quem sobrevive.

Marcelo Arruda

Partidas à parte

A partida começa
Logo,
O jogo das palavras jogo
As palavras jogam o
Jogo,
A partida continua,
Pega fogo.
Jogo o jogo das palavras, jogo.
O juiz apita o pênalti
Logo, jogo:
Goool!!!
A partida terminou.
Partiu partida a torcida adversária.
Represália!
Troco dedos, trocadilhos...
Sempre jogo.

Cris Souza

[sem título]

eu
emmim
em tu – entro
nele – pele
em vós
em nós – atada
neles

carol vitall

[...]

Não forneceram nenhuma palavra, ficou-se o silêncio.
Tudo era olhares voltados para o chão, expressões não expressas
O debruçar do suicídio em palanques repletos de alguma coisa,
Que por mais que tentasse se formar, sempre acabava numa
Abstração diferente da outra.
Absurdos e negações a cada passo o confrontar.
Reuniões de coisas sem sentido para tentar entender
Tudo aquilo que não foi dito
Cerimônias em relevos de secura
Amordaçamento alheio, penumbra.

Aluizio Fidelis

Amada terra

Gasto
Olhar
Imaculada
Abraçar-te
Nitidamente
Amada terra.

Ademauro Coutinho

29 junho 2009

Poetas Goianenses na Antologia “CEM POETAS SEM LIVROS”




Poetas Goianenses participam da Antologia “CEM POETAS SEM LIVROS” pelo movimento Litera-PE.

Lançamento: QUINTA-FEIRA (09.07-JULHO), às 19h, no Instituto Maximiano Campos (IMC), na rua do Chacon, 335, Casa Forte .

A cerimônia promete varar a noite com sarau poético participativo.

Pela primeira vez na literatura de Pernambuco se reúnem, em livro, 100 poetas e poetisas que produzem há poucos anos ou há várias décadas, mas que nunca editaram um livro sequer. O Movimento Litera-PE acredita no estímulo à escrita com repercussões na promoção à leitura.

Mais de 120 autores(as) se inscreveram, com cinco poemas cada um, para participar da antologia. O Conselho Editorial – formado por Cida Pedrosa, poetisa e editora do www.interpoetica.com; a psicóloga, poetisa e jornalista Lourdes Coelho; o radialista e escritor Fernando Farias; e o jornalista e poeta Cristiano Jerônimo – ficou a cargo de selecionar os 100 participantes. O acadêmico pernambucano e advogado Antônio Campos, através do IMC, apadrinhou o projeto num gesto de compromisso também com a nova produção literária.

Os poetas Ademauro Coutinho, Aluizio Fidelis, Philippe Wollney, Sebastiana de Lourdes, Suely S. Araújo, Sandro Gonzaga e Vidal de Souza participam da Antologia “CEM POETAS SEM LIVROS” pelo movimento LITERA-PE.

O quê? Lançamento oficial da coletânea Cem poetas Sem livros
Quando? Às 19h da quinta-feira (09.07) e promete varar a noite com sarau poético participativo
Onde? Na rua do Chacon, 335, Casa Forte. Entre a Praça de Casa Forte e a Praça Flor de Santana, em frente ao CPOR.

Abaixo a lista dos Cem poemas e seus donos(as) que constam no livro:

Sumário
Título do poema/Autor (ordem alfabética)

01. De sal e sol, solidão/Adélia Coelho
02. FRAÇÃO/ADEMAURO COUTINHO
03. Serve esse?/Alan Diego
04. Pensão da Santa Cruz – 1966/Alejandra Arce
05. Se mira/Alexandre Melo
06. O circo feliz/Alice Moraes
07. Reconheça/Aline Gusmão
08. OS TREZE/ ALUIZIO FIDELIS
09. Sem título/ Amana Pinheiro
10. Presentes/Amanda Moraes
11. Massificação/André Agostinho
12. Deus/André Santiago
13. Sumário/Bené Lobão
14. Estações/Beth Brito
15. Imperfeitos/Camila Dantas
16. Ensaio e Fuga /César dos Anjos
17. Da lama e o mangue /Claúdia Trevisan
18. Vegetativo II/Clayton Souza
19. Vingança é riso na hora / perdão é riso sem fim | Clécio Rimas
20. Meus anseios /Damaris Freitas
21. Meus sentimentos /Daniela Bezerra
22. Tragédia /David Moura
23. O outro lado... |Demétrius Fernandes
24. Dente-de-leão | Diogo Testa
25. Porque assim... /Eduardo Nascimento
26. Primavera/Eliane Duarte
27. Antigamente foi ontem/Máua Levi de Santana
28. Manhã ensolarada/Elieser Rocha
29. Momentos felizes/Emanuella de Jesus
30. O sonho dos mendigos/Eraldo José
31. Aquarela inóspita/Érika Renata
32. Silêncio/Estela Domingues Nunes
33. Arranca as asas/Estelita Lins
34. Dentes sensíveis/Ester de Lemos
35. Sob o amor/Eugênio Jerônimo
36. Luxúria em Hollywood/Fábio Pinheiro
37. Família/Flávia Pena
38. O salão dos desejos/Genésio Salustiano
39. Sereno/Giselle Aguiar
40. O íntimo da alma/Gizele Tavares
41. Sono/Guma
42. Transição/Gustavo Dantas
43. Desejo de uma vida inteira/Hélder Freire
44. Tormenta/Hênio Cavalcanti
45. Ela/Hugo Machado
46. Fria análise nocturna/Israel Lira
47. Jerimum/Ivan Almeida
48. Grandeza de flor/Jacqueline Torres
49. Gestos/Jair Martins
50. Perdida/Jalves
51. Sinismo/Jonatas Castro
52. Terras espalhadas/Jonathan da Silva
53. Prece/Josi Guimarães
54. Não importa/Joyce Amaral
55. Poema de uma tarde de sábado/Júlia Generino
56. A poesia/Léo Durval
57. Na mão/Leonardo Santana
58. Azul/Leônia Léa
59. Ícaro contemporâneo /Lilcandi Bisser
60. Falta amor/Luciane Silva
61. Aos meus filhos/Luiza Pedrosa
62. Veste da alma II/Márcia Maracajá
63. Imagem/Márcio Andrade
64. O meio cálice/Márcio Baião
65. Cosmologia/Marcone Alves
66. Prometeu/Marcos Moura
67. Ode Carnavalesca/Mariane Bigio
68. Nosso amor/Marinaldo Lima
69. É doce morar no mar/Maurício Santos
70. Melancolia/Melânia Vieira
71. Hoje/Meri Rezende
72. Mal menor/Patrícia Souza
73. Nômade/Pedro Rodrigues
74. EPIGRAMAS/PHILIPPE WOLLNEY
75. Passeio/Poliana Oliveira
76. Eu Tragada/Priscila Faisbanchs
77. Expressão/Rafaela Ramirez
78. Estupefaciente/Raísa Feitosa
79. Sou tua/Raquel Conti
80. Corroendo/Renata Santana
81. A descoberta da Moira/Roberta Lee Lino
82. Camada/Rômulo Alves
83. Eus/Rubeneide Araújo
84. Caos/Sachiko Shinozaki
85. VOLTAR/SANDRO GONZAGA
86. Rumor/Saulo Feitosa
87. FLORESTA NOSSA/SEBASTIANA DE LOURDES
88. Meio sapo/Sérgio Alves
89. Olhos/Sidney Ramos
90. Me achando/Suely Meirelles
91. COMA-ME/SUELY S ARAÚJO
92. Filho, eu estou aqui/Suely Siqueira
93. Tua espera/Tamires Correia
94. Soneto do passado/Tereza Gomes
95. Acusa a bela corte!/Thalita Gadelha
96. Tresvario/Vanessa Camila
97. Correnteza/Victória Cássia
98. NÃO SE PREOCUPE/VIDAL DE SOUZA
99. Para entender a beleza/Yugo Taroo
100. Tempo, o tal/Yuri Duarte