Minha casa não tem porta.
Nem telhado, nem janela.
É sem tranca e sem tramela.
De tão velha, ficou torta.
Comigo ninguém se importa.
Nem mesmo meu bem-querer.
Que espero um dia bater
Nas portas do meu coração.
E entrar com permissão
Na saleta do prazer.
Sou casebre sem parede.
Tranca, retrancas ou teto.
Meu bem é o arquiteto.
Dispenso camas ou rede.
Sou água da sua sede.
O doce acre da uva.
Estrada reta sem curva.
Sou tapera sem biqueira.
Onde em noite de goteira.
Caem no chão flores de chuva.
Sebastiana de Lourdes
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