Mostrando postagens com marcador Geisiara lima. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Geisiara lima. Mostrar todas as postagens

23 junho 2012

Desenhos em Vermelho, Branco e Preto


A SOLIDÃO É PUTA

De vestido vermelho na esquina apressada
Entra no carro sem olhar a cara do motorista.
Calcinha de renda preta descosturada,
Pouca higiene,
Olhos profundamente pretos,
E a boceta “a meio pêlo”,
Queimaduras de cigarro na virilha,
Sempre aparece pedindo dinheiro emprestado.


                          A pernambucana Geisiara Lima é graduando no curso de Filosofia na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), poetisa e desenhista. Aos 14 anos começou a interessar-se por Grandes Autores da Literatura Brasileira como, Machado de Assis, Lígia Fagundes Telles e Augusto dos Anjos, mais tarde sobre a influência dos mesmos, começou a escrever.

                        Na poesia, ela tematiza a mata-norte pernambucana, a própria literatura, o erotismo, amor, apenas do ponto de vista crítico. Procura abordar esses temas com palavras simples e provocantes, deixando a imaginação do leitor correr livre entre as páginas.

Todos os desenhos e o poema são da autoria de Geisiara Lima de Sousa.

04 janeiro 2012

Caldo de cana com pão doce


O sol refletindo na palha da cana

O gado migrou pra outros pastos

O doce não é mais de banana,

Não há espaço.

Meu velho cortava rápido

Só tinha um dente

Bebia o caldo

Nunca chupou cana.


Geisiara lima

Métodos Nortistas


Cortei o dedo na palha da cana

Mamãe procurou folha de banana,

Mas tivemos que encontrar outro meio de isolar o machucado.

Papai ficou nervoso

Tomou suco de maracujá amargo pra se acalmar.

No caminho do hospital

Fumaça,

Estrada de muitos buracos,

Os caminhões eram longos

Demoravam a passar

Não houve atendimento,

Engoli um gole de cachaça pra variar;

Um poeta se fere e se cura na cana.


Geisiara Lima

22 dezembro 2011

No improviso


Fazia graça,
Contava histórias
Sonhava com dias melhores
Calculava a volta pra casa.

Baby, baby, baby,
Eu direi sim, sim, sim,
E sempre sim!
Não estamos falando de perspectivas
Estamos sós aqui.

Contava nos dedos seus pássaros mortos
Seus pais,
Histórias de porres
A maneira exata como eles matavam os pássaros
Pouco tempo para o passado.

Baby, baby,baby,
Eu vou sempre dizer sim aos seus pássaros.
No entanto não conte mais nada da vida
Tente se doar pra mim.

O que posso por você...
Emprestar o casaco
Encher mais um copo
Colocar-te para dormir...

Geisiara Lima

A maldição das flores


Detesto a Rosa!
E a mania de deixar as pétalas;
Abandonar a roupa intima pelo chão.
Entupir o ralo com cabelo
Usar o meu sabão.

Detesto a Rosa!
Quando se faz flor:
Escondendo que se acomodou,
Chegou ao limite;
Não tem coragem para ir embora.

Detesto a Rosa!
Seu cheiro sedutor
A falsidade com que faz amor
Gemendo sem para;
Pensando no carteiro, no leiteiro, no padeiro,
E não pensando em me deixar.

Geisiara Lima