12 novembro 2009

DIA DA MÚSICA 22 de Novembro de 2009




todo 22 de novembro na cidade de Goiana se comemora o projeto 24h de música, idealizado pelo músico Italo Pay. Pelo quarto ano consecutivo o projeto conta com diversos pólos musicais espalhados pelo cidade contemplando os mais diversos estilos.
POLO ALTERNATIVO SILÊNCIO INTERROMPIDO 22/11.


Viva o 22 de novembro

Hoje é o dia em que os deuses invejam os mortais.
Nos invejam pois não podem ser enfeitiçados
Pela musa de mãos delicadas zabumbando,
Batucando, nas madrugadas, alfaias
Musa das noites de festejo.
Musa dos beijos e acordes.
Musa que em todas as falhas humanas produz melodias.
Sim! É hoje é o dia da música!
Da musa embriagadora,
Seus passos são ritmados
Teu corpo é a acústica perfeita.
Musica teus filhos alimentam-se de teu gozo.
Musica teus filhos alimentam-se de teu gozo
22 de novembro, eles gozam cantando!.
Philippe Wollney

ZEFA-DEÃO E O CINE URUBATAN

Foi nas décadas de 70 e 80
No município de Goiana
Vou contar uma estória
Para estes povos bacana
A terra é muito fértil
Mas o povo só planta cana

Existiu ali um ser estranho
Que era uma sensação
Seu nome ficou conhecido
Pois chamavam de ZEFA-DEÃO
Andava sempre falando só
De chapéu, guarda-chuva e um cajado na mão

O cinema era ponto de encontro
De uma geração privilegiada
A violência era pouca
Podia-se andar pelas calçadas
Hoje esta muito diferente
Todos atentos para não serem roubadas

Mas o que eu quero dizer
É lembrar, de ontem, hoje e amanhã
De tanto filme bom
Que assistir na tela do Urubatan
Terminada a primeira secção
Já anunciava o filme de amanhã

As saudades são tantas
Que eu nem gosto de lembrar
Tantas gentes interagindo
E outras querendo sentar
A parte debaixo logo enchia
E logo todos subiam para o primeiro andar

Um detalhe curioso
Era a primeira cadeira do andar direito
Pois ninguém queria sentar
E si tinha o maior respeito
Pois era quase cativa
E quem sentava, tinha que ter peito

Hoje está esclarecido
É se sabe o que é
Mas no tempo passado
Era difícil saber se homem ou mulher
Estou falando do ser
Que era nativo de Condado ou Itambé

Vamos ficar atento na estória
E vocês tenham convicção
Começamos a descrever agora
A vivencia de ZEFA-DEÃO
O bicho era feioso
E parecia um boi tungão

Certa vez um rapaz sem saber
Ficou na cadeira a sentar
Ele veio logo dizendo
Este gostoso, pode se levantar
O cara demorou a sair
Ele quis logo lhe maltratar

Canal 100 apresenta
Todos corriam ligeiro
Para ver parte dos clássicos
Que acontecia em SAMPA E RIO DE JANEIRO
Dos grandes jogadores e craques
Goleiros e artilheiros

A modernidade modifica as coisas
Que não volta já mais
Como a tranqüilidade na ruas
As pessoas transmitindo paz
Hoje está tudo diferente
É o ser humano e voraz

Quem sabe que SPLISH SPLASH?
Não foi dado no Urubatan
E alguém ouvindo aquilo
Não passou copia de manhã
Para espirar a letra da musica
Dos cabeludos cobertos de lã

Uns iam assistir os filmes
Outros iam para sarrar
Aqueles mais comportados
Si diziam namorar
Depois que terminava a comedia
Queriam logo casar

Como todo vivente
Ele tinha sua moradia
Até hoje ninguém sabe
Se era sua casa ou si escondia
Mas também era notado
Quando chegava no buraco da gia

Quando foi conhecer a praia
Foi transportado numa rural
O povo queria saber quem ele é
E ele quase morre no pau
Pois queriam descobrir o sexo
Daquele ser anormal

Então pedindo socorro
Logo veio gente ajudar
Não deu tempo para ver nada
Ele logo ficou a comentar
O negocio nem ta mole nem ta duro
E também não vou mostrar

Ate hoje não se sabe
E ficou a interrogação
Se era macho ou fêmea
Aquela composição
E assim continuo sendo conhecido
Com o nome de ZEFA-DEÃO

Sua ultima moradia
Ficava perto do cabaré
Era pau para todas as obras
Seja para homem ou mulher
Quem quisesse que mexesse com ele
Quando estivesse cheio de mereré


Morava em um lugar conhecido
Que se chamava beco das pedras
O cara era invocado
E só gostava de dinheiro em cedas
E quando pagava com outro tipo
Dizia que não queria aquela merda

Às vezes era engraçado
Quando ficava sentado no banco da praça
Fumando feito uma caipora
Muitas vezes fazendo pirraça
E para chamar os cuidados
Gostava de picolé de cachaça

O prédio ainda existe
É um ponto comercial
Do capitalismo selvagem
Que querem acaba com cultural
Pois daqui algum tempo
Não vai existir nem babau

Quem é que não lembra
Digo mulheres e maridos
Do filme que foi recorde de publico
Que foi Império dos Sentidos
De um amor compulsório
Por nós nunca assistidos

A telona esta difícil no interior
Só existe alguma na capital
Os filmes são piratiados
Mas tudo hoje é quase normal
As leis só existe para os pobres
E quem falar leva pau

O cinema viveu nossas adolescências
E hoje somos cidadão
Das boas lembranças na memória
E também das recordações
O tempo passa e não envelhece
Vamos sempre lembrar de tu, Urubatan e Zefa-deão.

Carlos Antonio Vieira

10 novembro 2009

Crise

Bush deixou Obama
De corda bamba
Agora tem que
Se sacudir no samba
Pra crise sair de banda
E voltar com uma nova chama
Como os brasileiros
Acessos cheios de esperanças

Ademauro Coutinho

ASILO

Sentados com a solidão, de frente ao corredor
Enfileirados, desprezados com a calmaria do dia.
Só esquecimentos, rugas e o silêncio...

O Silêncio que incomoda os pássaros que sobrevoam seus espaços.
A nostalgia não se sente mais,
Cadeiras de rodas, bancos....
senhoras simpáticas e caladas.

A marca da solidão é a referência deste lugar,
que se envelhece rápido demais.

melancolia nos meus olhos.
e lá fora o mundo acontece.

Alexandre Sá

Banquete de um verme

Chegaste a mim como um filho ingênuo e ingrato
Que desprovido de todo sentimento humano,
Suga minha essência como um delicioso prato
E eu sem perceber engano-me, esgano-me e rasgo
O coração que despercebido abrigava um rato

André Philipe

À MEDIDA QUE O TEMPO PASSA

Não sei o que se passa,
Por onde passo
Tudo se descompassa
À medida que o tempo passa
Porém, caminho passo a passo
Sentindo no peito o peso do descompasso.
E passo...
Pois pensando no passado e percebendo seu compasso
Sei que o descompassado se compassa
À medida que o tempo passa.

André Philipe

DESENHO

DESENHO
GOSTO DOS TRAÇOS FORTES
DO HOMEM (IN)SENSÍVEL NAS (RE)FEIÇÕES
COM PONTA FINA DO LÁPIS
N´ALMA
FURA FERE RISCA RASGA
PINTOR
AMA
DOR
AMANTE
EM CICATRIZES INCURÁVEIS

carol vitall

[...]

Tive um sonho estranho
Um estranho me olhando
Misteriosamente
Me lendo

Lembro!
Deus que me valha!

O frio no pescoço,
O rastro do vampiro,
A rede,
O fio
da navalha.

Cris Sousa

O desamor

Um pedaço de papel amassado
Revelou as dores do assombrado
Tijolos desalinhados
O arquiteto fez tudo errado
A porta podre
Balança, irrita, cansa
Como se estivesse dotada de vingança
As cores clareiam, envelhecem
Me chateiam
E se envaidecem
O marrom já não tem o mesmo tom
É amargo
O que um dia fora bombom
Olhos amedrontados!
Quem deixou os quadros desalinhados?
Estou ficando louco
Ou estão me olhando torto?
Vai dizer a eles
Que um dia alguém os amou!
Que nem sempre fui frio
Muitas noites exalei calor
Que já usei o pincel
Minha boca já escorreu mel
Que já pintei muitos amores em tom pastel
No mesmo papel
Que hoje descrevo
Meu destino cruel.

Geisiara

Filósofo Egoísta

Trabalhei por mim
Apenas por minha própria recuperação
Em vez de médico tornei-me escrivão
Costumava salvar vidas, ou não?
Quis deixar a monotonia que é esta profissão
E parti em busca de algo que me traz satisfação

A chance me veio assim em vão:
- Bendito anuncio na funerária!
Era comprida a carga horária
Pra você ver, hoje existe explicação
Até para morrer!
Era exatamente como quis
Sempre as mesmas coisas
Simples como um ponto:
“morreu fulano, morreu e pronto!”

Tornou-se emocionante,
Desculpe, mas me diverti
Vendo como num encanto
De olhinhos tão orgulhosos
Escorria tanto pranto
Meus inimigos morreram todos
E escrevi as notas de falecimento de cada um
Foi fácil!
Mas confesso, as dificuldades me vinham a nado
Quando vi meus amigos
Indo pro mesmo buraco.

Geisiara Lima

POEMA DEGOLADO

Posta a pratos limpos
A cabeça decepada
Do poeta eufórico
Do poema ilógico
Por ser carne e chão

Cremado sejam todos
Os escritos as blasfêmias
Espelhos falsos que dizem
Traduzir lama e gritos

Rasga o poeta vivo
Negras vestes do rei
Ele corta e sangra
Não o deixem cantar
Ele corta e sangra

Dizia de cegos e mortos
Aludia lamentações
Quando hipocrisia era prato
Predileto dos reis
Alegoria de iludido povo
Por que amava avesso
Em verso espada

El rei sacramentado
Aos gritos estampidos
Quero o poeta morto
A cabeça do porco
Aos cães danados
Quebrem o verso faca
Façam-no calado

Ponham sobre a mesa
Em bandeja posta
A cabeça submersa
Para que sirva de exemplo.

José Torres (Verso Avesso/1987)

[...]

Senhores donos da terra
Juntai vossa rica tralha
Vosso cristal, vossa prata
Luzindo em vossa toalha
Juntai vossos ricos trapos
Senhores donos da terra
Que os nossos pobres farrapos
Nossa juta e nossa palha
Vêem vindo pelo caminho
Para manchar vosso linho
Com o barro de nossa guerra
Nossa batalha sangrenta
Como diria Rosildo
Em Quixote e um Sancho Pança
Ou um Sancho Pança e um Quixote,
Pois não vale muito a morte
Mas a glosa que se entrança.
O verso mais que o poeta.
O canto mais que a viola.
Mais que a ida e do que a volta
A viagem, a descoberta.

Marcelo Arruda

Tropeço

Tropeço desde cedo em abraços, medos,
Cabeças, canaletas, em repetidas notícias, polícias
Na pedra infundada chamada Goiana.

Tropeço nas pontes, caio no rio
Pego à mão pássaros no açude, que ao soltá-los
Disperso minha tristeza e assim posso suportar outro dia

Tropeço, já não tenho dedão ou pé.
Cotó até os joelhos, perto do que pertenço
Barro, lama, saibro, asfalto.

Sou como flor que brota do estrume,
Que não importa, não comporta requinte,
Flor de mofo, alucinógeno, deveras.

Philippe Wollney

O Amor

Se o amor fosse uma música
Cantaria bem alto,
Até sentir o grito das cordas vocais.
Faria o possível,
Para encaixar palavras românticas.
Buscaria nos acordes um consolo
E nos sons agudos um choro.
Ao invés da dor e solidão,
Despertaria carinho e alegria.
Batucaria todos os tambores
Para formar um único nome.
Escolheria apenas uma
E faria dela a melhor canção.
Configuraria o duplo sentido
Para um único e verdadeiro propósito.
Caberia ao compositor
O dever e o desejo de escolha.
Escutaria com muita atenção,
Cada verso, cada refrão...
Com um significado útil
Passar uma mensagem
Que com o decorrer do tempo
Não se apague.
Mas, se o amor realmente fosse uma música
Faria dele o meu melhor momento.

Pollyanna Gomes

Rir pra não chorar.

À noite as lágrimas saem dos meus olhos.
Acordo na manhã triste,
e elas continuam a escorrer pelo meu rosto.
A alvorada surge nublada pela minha nuvem de tristeza.
A chuva cai.
O meu pranto lava.
Está frio.
Meu coração congelado sangra.
Minha angústia dilacera meu corpo inteiro.

Sento na sala de estar
e ouço minhas raízes negras vibrarem nos meus ouvidos.
Me recomponho de novas forças.
Sorrio pra não chorar ouvindo o mestre Cartola.
“Eu quero nascer, quero viver.”
Enquanto vida eu tiver,
vou continuar a rir pra não chorar.

Meu sol sempre nascerá da profunda escuridão.
Iluminará meus caminhos, meus sonhos, meus pensamentos...
Cantarei minha bela canção desafinada.
Sentirei a fragrância da alegria.
Chorarei a dor da solidão que sucumbirá afogada
no oceano do meu sorriso alto e reluzente,
meu sorriso universal e eterno.
Sorri, estou sorrindo agora e logo sorrirei,
porque enquanto vida eu tiver,
vou continuar a rir pra não chorar.

Sandro Gonzaga

Caminhos convergentes

Morte e vida.
Duas faces da mesma moeda.
Faz-se o precipício.
Resulta-se a queda.
O nascimento traz o desenlace.
Em seu bojo
Engano, pensar ser a morte.
Da vida o oposto.
Ao contrário, são intrínsecas.
Entrelaçadas.
Como a ostra e a pedra
Permanecem abraçadas.
Vida, veneno indispensável.
À existência da morte.
Como o azar é o gêmeo.
Irmão maldito da sorte.

Sebastiana de Lourdes

In-Verso

Verso o verso do corpo,
A cara do universo como simples equações.
Verso o tempo compassante,
Verso e tempo que já vivi,
O tempo que ainda não sei,
Mas sei que ele será como o sonho ainda não despertado,
O sonho ainda não vivido,
O sonho ainda não versado.
Verso os versos de paz e de loucura,
Aqueles que saem dos esgotos e das praças.
Verso os sussurros de dor e de prazer
Dos reis sem coroa,
Dos vigilantes cegos do destino,
Dos que não podem ser absolvidos ou compreendidos,
Apenas versados.
Verso o inverso do verso,
Como o espelho que mostro quem realmente sou.
E quem serei?
Eu serei como um simples rabisco, uma simples sombra
No lugar onde se encontra
A leveza e a perfeição de meu ser.

Thiago Albert

Casa dos ratos

Enquanto minha vó perde a visão.
Burlo as regras da sobrevivência.
Vou parar na feira com um facão.
E rasgo o papel de parede da inocência.

Ajoelho-me na Misericórdia.
Rezo uma oração.
Que quebre as correntes da discórdia.
Que amole meu facão.

Desço na Treze de Maio.
Só para me libertar.
Agora anda caindo raio.
O meu facão já quer matar.

Desço na subida do Rex.
Ao lado do grande vários lados.
Aonde já preguei com durex.
Que no carnaval desceremos melados.

Chego na rua direita.
Onde tudo acontece errado.
Onde um bandido se enfeita.
Quer um cargo? Está contratado.

E na frente da biblioteca municipal.
Que é da Maçonaria.
A câmara quebra um maior pau.
Só por causa de uma poesia.

Vocês que elaboram as leis.
Não passam de palhaços.
Sentados, rainhas e reis.
Roendo as roupas dos ratos.

Vidal de Souza

Não terá fim.

Em minha insônia os meus sonhos são presentes.
Não como o cansaço de ver o descaso dos olhos que não me conhecem mas sim,
como o teu amor que me dá forças e em plena tempestade me aquece.
Em meu sono os meus sonhos são futuros porque o delírio mais real que já pôde existir é a morte que vai manipulando as horas para convencer corações de que nada é em vão.
Por isso guardei o passado em uma fotografia e prendi a velhice no espelho para te ter sempre comigo, assim como os sonhos, como o passado, o futuro, o começo e o fim, a vida e a morte, assim como Deus.

Wendell Nascimento

08 novembro 2009

Movimento Portal Alternativo

BALÉ PERNAMBUCO SIM SENHOR



COCO DA CELPE (nazaré da mata)



POETAS SILÊNCIO INTERROMPIDO (goiana)



POETAS SILÊNCIO INTERROMPIDO (goiana)



HOMENS DE BARRO (tracunhaém)



PRISMA ORBE (goiana)


edição do Movimento Portal Alternativo, com sua proposta de diversidade cultural, apresenta grupos diversificados, parte da musicalidade de raiz (Coco, Maracatu); traz a transfiguração sutil do “balé pernambuco sim senhor” com a influências das Brincadeiras de Reisado; e desnuda a noite com a efervescência das bandas de Rock’n’Roll, entenda-se efervescência pelas atitudes das bandas incendiárias destes canaviais, o grito desalmado, beirando uma provocativa atitude anárquica de juventude com aplificadores/guitarras/overdrives; o ócio que nesta região se transforma em indignação, protesto, berros, desespero distorcido a base de fuzz.

Os poetas do Silêncio Interrompido vestiram-se da sub-derme, músculos e tendões desnudos de uma poesia questionada se vai levar à algum lugar. Ah... o caldo açucarado fervilhante das caldeiras endureceu como os homens. Por estas redondezas CANA // CAIANA // CAIADA // DE SANGUE ...
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