10 novembro 2009

Tropeço

Tropeço desde cedo em abraços, medos,
Cabeças, canaletas, em repetidas notícias, polícias
Na pedra infundada chamada Goiana.

Tropeço nas pontes, caio no rio
Pego à mão pássaros no açude, que ao soltá-los
Disperso minha tristeza e assim posso suportar outro dia

Tropeço, já não tenho dedão ou pé.
Cotó até os joelhos, perto do que pertenço
Barro, lama, saibro, asfalto.

Sou como flor que brota do estrume,
Que não importa, não comporta requinte,
Flor de mofo, alucinógeno, deveras.

Philippe Wollney

Nenhum comentário: