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27 dezembro 2011
Sandro Gonzaga - Noite do Amparo
Vídeo relato das açõe da "A Free Cana" realizada pelo MOVIMENTO SILÊNCIO INTERROMPIDO no dia 17-12-2011 na cidade de Goiana. A nossa festa literária, o apoderamento da proposta de FREE PORTO 2011.
05 outubro 2011
Ilha de pedra
Meus batimentos cardíacos
Rebelam, revelam, semeiam
O azul do céu no entardecer
Em continente tão mar
Ondas, pedras, chuvas
Chave do mistério
Nem a morte
Amedronta outros planos
Puros de ventre
Cristalizados pelo vão
Vento, suspiro e canto
Na beira da margem
Da ilha de pedra, chuva e ondas
Moinhos e redemoinhos
Tempo, tempestade, tentação
Trágico crepúsculo
Sem lógica, sentido ou razão
Controle ínfimo
Distante cálido
Carruagens, engenhos e artifícios
Na ilha
Ninguém
Nada
De pedra
Da onda
E a chuva.
SANDRO GONZAGA
Rebelam, revelam, semeiam
O azul do céu no entardecer
Em continente tão mar
Ondas, pedras, chuvas
Chave do mistério
Nem a morte
Amedronta outros planos
Puros de ventre
Cristalizados pelo vão
Vento, suspiro e canto
Na beira da margem
Da ilha de pedra, chuva e ondas
Moinhos e redemoinhos
Tempo, tempestade, tentação
Trágico crepúsculo
Sem lógica, sentido ou razão
Controle ínfimo
Distante cálido
Carruagens, engenhos e artifícios
Na ilha
Ninguém
Nada
De pedra
Da onda
E a chuva.
SANDRO GONZAGA
18 junho 2011
A dança da vida.
Escolhido para viver
tendo como legado,
sofrer não sendo amado.
A vida confusa
com morte prematura,
de natureza obscura
gerada na musa pura.
Herdando medo ancestral,
permitido mal
contido no peito.
Acostuma a ser desfeito,
pois nada mudará
e ficará do teu jeito.
Mesmo que esteja vazio o armário,
festeja no coração amor relicário.
Sandro Gonzaga
tendo como legado,
sofrer não sendo amado.
A vida confusa
com morte prematura,
de natureza obscura
gerada na musa pura.
Herdando medo ancestral,
permitido mal
contido no peito.
Acostuma a ser desfeito,
pois nada mudará
e ficará do teu jeito.
Mesmo que esteja vazio o armário,
festeja no coração amor relicário.
Sandro Gonzaga
17 abril 2011
Ascensão do caos
Desfaz o lamento desprezível, repugnante...
Estrangula a imensa falsidade.
Ser execrável de presença humilhante
Bocas e becos transbordando tempestade.
Tropeça, atira e tira o torpe traje do ultraje
A vingança tem a sutileza do seio
Olhos de carranca, sino que retroage
Mendigo devorando prato cheio.
Teu deus limita o homem a nada
Beleza falsa de tramóia insana
Destino do fogo e da espada
Infectando a raça humana.
Alma imunda que prega o amor
Canta louvores ao meio dia
Se espoja na lama fétida do pavor
Ostenta um deus de hipocrisia...
Que vai guiando a multidão...
A ignorância reflete a covardia.
A cruz tortura o herege, o pagão...
Tendência para o domínio cruel.
A fome enforca o perdão,
Apaga as estrelas do céu.
A religião não nutre o corpo sem pão
No espetáculo do caos sob um véu.
Sandro Gonzaga
Estrangula a imensa falsidade.
Ser execrável de presença humilhante
Bocas e becos transbordando tempestade.
Tropeça, atira e tira o torpe traje do ultraje
A vingança tem a sutileza do seio
Olhos de carranca, sino que retroage
Mendigo devorando prato cheio.
Teu deus limita o homem a nada
Beleza falsa de tramóia insana
Destino do fogo e da espada
Infectando a raça humana.
Alma imunda que prega o amor
Canta louvores ao meio dia
Se espoja na lama fétida do pavor
Ostenta um deus de hipocrisia...
Que vai guiando a multidão...
A ignorância reflete a covardia.
A cruz tortura o herege, o pagão...
Tendência para o domínio cruel.
A fome enforca o perdão,
Apaga as estrelas do céu.
A religião não nutre o corpo sem pão
No espetáculo do caos sob um véu.
Sandro Gonzaga
17 março 2011
Deusa de Vênus
A verdade é que há tanta falsidade
No sorriso das pessoas do convívio...
Quantos urubus rondando a cidade,
Tornando ainda mais repugnante o vício.
Tua sinceridade não é encontrada na esquina
Somente o tédio é o maior anfitrião
O desprezo cresce rápido e me fascina
O silêncio descobre a névoa da razão.
A fumaça sagrada não me satisfaz
Uma suprema aversão impregna a alma
E sufoca e enterra toda forma de paz
Espero a noite da tormenta que me acalma.
Deusa de Vênus que pode sentir
Dos gritos abafados em meu peito
As traças sombrias a destruir
Nosso lar imerso num sonho perfeito.
A saudade incita a aflição de todo dia
Não consigo de modo algum esquecer
Aqueles eternos segundos de alegria
Na rua, na praia, em casa quero me perder...
És divina fúria em gotas de obsessão
Desencadeando repentinos tremores
Amolando a lâmina devastadora da paixão
Dos tenebrosos e verdadeiros amores.
Banhada em clarões, sem querer te vejo
Deitada sobre os destroços da nossa cama
E na lembrança de um salgado beijo
Meu coração desesperado te chama.
Vem Deusa de Vênus, esmagar a pungente dor
Sacia esta sede infinita que no meu ser ancorou
Traz tua fonte lírica que transborda pleno amor
O encontro dos mares nem sequer amenizou.
Vem Deusa de Vênus, minha agonia arrancar.
A espera me corrói, mas meu dia vai chegar.
Sandro Gonzaga
No sorriso das pessoas do convívio...
Quantos urubus rondando a cidade,
Tornando ainda mais repugnante o vício.
Tua sinceridade não é encontrada na esquina
Somente o tédio é o maior anfitrião
O desprezo cresce rápido e me fascina
O silêncio descobre a névoa da razão.
A fumaça sagrada não me satisfaz
Uma suprema aversão impregna a alma
E sufoca e enterra toda forma de paz
Espero a noite da tormenta que me acalma.
Deusa de Vênus que pode sentir
Dos gritos abafados em meu peito
As traças sombrias a destruir
Nosso lar imerso num sonho perfeito.
A saudade incita a aflição de todo dia
Não consigo de modo algum esquecer
Aqueles eternos segundos de alegria
Na rua, na praia, em casa quero me perder...
És divina fúria em gotas de obsessão
Desencadeando repentinos tremores
Amolando a lâmina devastadora da paixão
Dos tenebrosos e verdadeiros amores.
Banhada em clarões, sem querer te vejo
Deitada sobre os destroços da nossa cama
E na lembrança de um salgado beijo
Meu coração desesperado te chama.
Vem Deusa de Vênus, esmagar a pungente dor
Sacia esta sede infinita que no meu ser ancorou
Traz tua fonte lírica que transborda pleno amor
O encontro dos mares nem sequer amenizou.
Vem Deusa de Vênus, minha agonia arrancar.
A espera me corrói, mas meu dia vai chegar.
Sandro Gonzaga
Sono do sol
O sol abre os olhos em flor
Depois duma tempestade de espadas
Que se refugiam e refletem espelhos de mar
Os olhos do fogo abertos dentro da chuva
Ressoa na atmosfera cambiante
O cântico negro dos pássaros despedaçados
Resplandece a noite na aurora banhada em sangue
A multidão decepada
Joga futebol com suas cabeças radiantes
A luz do vento passa pelas frestas encobertas
E um louvor de cigarras no fim de tarde
Traz a gigante onda repleta das virtudes hediondas
Acordado o sol tem mais força
E modifica a órbita dos planetas em fúria
Dos seus olhos surgem lágrimas que inundam o tempo
As cores crescem no limiar da lua ofegante
E os animais dançam com os homens a música da floresta
Mas a hora do crepúsculo se anuncia na estrada
Um cortejo de peixes no rio das folhas azuis
É sinal que o sol está prestes a dormir o sono das eras
As fontes perdem o vigor do céu
As árvores desmancham sem seiva
O oceano seca e racha a terra
O espaço está na rota de colisão com o cárcere profundo
Tudo isso porque o sol fechou os olhos
E dormiu na cratera sem vestígio de luz.
Depois duma tempestade de espadas
Que se refugiam e refletem espelhos de mar
Os olhos do fogo abertos dentro da chuva
Ressoa na atmosfera cambiante
O cântico negro dos pássaros despedaçados
Resplandece a noite na aurora banhada em sangue
A multidão decepada
Joga futebol com suas cabeças radiantes
A luz do vento passa pelas frestas encobertas
E um louvor de cigarras no fim de tarde
Traz a gigante onda repleta das virtudes hediondas
Acordado o sol tem mais força
E modifica a órbita dos planetas em fúria
Dos seus olhos surgem lágrimas que inundam o tempo
As cores crescem no limiar da lua ofegante
E os animais dançam com os homens a música da floresta
Mas a hora do crepúsculo se anuncia na estrada
Um cortejo de peixes no rio das folhas azuis
É sinal que o sol está prestes a dormir o sono das eras
As fontes perdem o vigor do céu
As árvores desmancham sem seiva
O oceano seca e racha a terra
O espaço está na rota de colisão com o cárcere profundo
Tudo isso porque o sol fechou os olhos
E dormiu na cratera sem vestígio de luz.
Sandro Gonzaga
19 fevereiro 2010
Insônia.
Perdido em destroços
de um ritmo lento.
Fragmentado pelo remorso
que produz desalento.
Entrevendo a imagem distorcida,
a paisagem repetida
do vago discernimento.
Por onde a lembrança encarnecida
pairou para viver ferida em pensamento.
A ânsia agoniza no esparso sofrimento.
Morrer e nada ter...
Apenas a distância da jornada
desencarnada pela permanência
da liberdade de voar...
Tendência de recriar na vida
um longo caminho perfeito
que se torna uma linha rompida,
um ninho desfeito...
Fantasia de gerações...
Poesia de ocasiões...
Tudo planejado para no dia previsto ressurgir...
Marcado pelo passado, desatino da razão.
Tudo antes pensado para um breve destino
entre infinitos que estão por vir.
Durante a noite, quantas vezes,
terei de abrir os olhos para sentir
que ainda não consegui dormir?
Sandro Gonzaga
de um ritmo lento.
Fragmentado pelo remorso
que produz desalento.
Entrevendo a imagem distorcida,
a paisagem repetida
do vago discernimento.
Por onde a lembrança encarnecida
pairou para viver ferida em pensamento.
A ânsia agoniza no esparso sofrimento.
Morrer e nada ter...
Apenas a distância da jornada
desencarnada pela permanência
da liberdade de voar...
Tendência de recriar na vida
um longo caminho perfeito
que se torna uma linha rompida,
um ninho desfeito...
Fantasia de gerações...
Poesia de ocasiões...
Tudo planejado para no dia previsto ressurgir...
Marcado pelo passado, desatino da razão.
Tudo antes pensado para um breve destino
entre infinitos que estão por vir.
Durante a noite, quantas vezes,
terei de abrir os olhos para sentir
que ainda não consegui dormir?
Sandro Gonzaga
30 dezembro 2009
Telefonema.
Linha do horizonte.
Ritmo marítimo.
Tonalidades de verde.
As ondas quebram nas pedras.
Pedras polidas.
Pontas expostas.
Rochas esculpidas.
Nuvens sobrepostas.
Mundo enorme
será que ela dorme?
Solidão de lua quase cheia.
Areia de praia.
Teia de sentimentos alados.
Pés lavados.
A imaginação inventa.
O sono acalenta.
Mundo enorme
será que ela dorme?
A banda toca com reverência
a oração de São Francisco.
Ninguém quer saber de penitência.
Afinal, a evolução é nossa sina.
Fiel ou folião?
Qual das duas?
Muitos fogos na esquina.
A procissão do frevo anima pelas ruas.
Muitas pessoas acompanham na madrugada.
De longe se ouve da noite a risada.
Mundo enorme
será que ela dorme?
Parede de vento.
Maresia, calmaria...
Saudade-branca.
Amor sereno,
não estamos em lugares diferentes.
Estamos em corpos diferentes.
Portanto, moramos em dois corpos.
Mundo enorme
será que ela dorme?
É cedo, mas já não dorme!
Sandro Gonzaga
Ritmo marítimo.
Tonalidades de verde.
As ondas quebram nas pedras.
Pedras polidas.
Pontas expostas.
Rochas esculpidas.
Nuvens sobrepostas.
Mundo enorme
será que ela dorme?
Solidão de lua quase cheia.
Areia de praia.
Teia de sentimentos alados.
Pés lavados.
A imaginação inventa.
O sono acalenta.
Mundo enorme
será que ela dorme?
A banda toca com reverência
a oração de São Francisco.
Ninguém quer saber de penitência.
Afinal, a evolução é nossa sina.
Fiel ou folião?
Qual das duas?
Muitos fogos na esquina.
A procissão do frevo anima pelas ruas.
Muitas pessoas acompanham na madrugada.
De longe se ouve da noite a risada.
Mundo enorme
será que ela dorme?
Parede de vento.
Maresia, calmaria...
Saudade-branca.
Amor sereno,
não estamos em lugares diferentes.
Estamos em corpos diferentes.
Portanto, moramos em dois corpos.
Mundo enorme
será que ela dorme?
É cedo, mas já não dorme!
Sandro Gonzaga
10 novembro 2009
Rir pra não chorar.
À noite as lágrimas saem dos meus olhos.
Acordo na manhã triste,
e elas continuam a escorrer pelo meu rosto.
A alvorada surge nublada pela minha nuvem de tristeza.
A chuva cai.
O meu pranto lava.
Está frio.
Meu coração congelado sangra.
Minha angústia dilacera meu corpo inteiro.
Sento na sala de estar
e ouço minhas raízes negras vibrarem nos meus ouvidos.
Me recomponho de novas forças.
Sorrio pra não chorar ouvindo o mestre Cartola.
“Eu quero nascer, quero viver.”
Enquanto vida eu tiver,
vou continuar a rir pra não chorar.
Meu sol sempre nascerá da profunda escuridão.
Iluminará meus caminhos, meus sonhos, meus pensamentos...
Cantarei minha bela canção desafinada.
Sentirei a fragrância da alegria.
Chorarei a dor da solidão que sucumbirá afogada
no oceano do meu sorriso alto e reluzente,
meu sorriso universal e eterno.
Sorri, estou sorrindo agora e logo sorrirei,
porque enquanto vida eu tiver,
vou continuar a rir pra não chorar.
Sandro Gonzaga
Acordo na manhã triste,
e elas continuam a escorrer pelo meu rosto.
A alvorada surge nublada pela minha nuvem de tristeza.
A chuva cai.
O meu pranto lava.
Está frio.
Meu coração congelado sangra.
Minha angústia dilacera meu corpo inteiro.
Sento na sala de estar
e ouço minhas raízes negras vibrarem nos meus ouvidos.
Me recomponho de novas forças.
Sorrio pra não chorar ouvindo o mestre Cartola.
“Eu quero nascer, quero viver.”
Enquanto vida eu tiver,
vou continuar a rir pra não chorar.
Meu sol sempre nascerá da profunda escuridão.
Iluminará meus caminhos, meus sonhos, meus pensamentos...
Cantarei minha bela canção desafinada.
Sentirei a fragrância da alegria.
Chorarei a dor da solidão que sucumbirá afogada
no oceano do meu sorriso alto e reluzente,
meu sorriso universal e eterno.
Sorri, estou sorrindo agora e logo sorrirei,
porque enquanto vida eu tiver,
vou continuar a rir pra não chorar.
Sandro Gonzaga
01 outubro 2009
Medo.
O homem de memória
lembra do laço que se desfez.
Atrás da história
segue com passos vacilantes
pela rota escolhida.
O vestígio ficou para trás.
O agora é resultado de outrora.
Os canais estão abertos...
Chegou à hora de ir embora
novamente pelas ruas provincianas.
Instáveis somos conduzidos
por efeitos produzidos
nas situações cotidianas.
A percepção está aflorada
para não tropeçar nas pedras.
O bem e o mal andam juntos
na natureza, nas ações humanas...
O desespero e a esperança...
O desespero queimou num lugar...
Sua fumaça subiu para longe...
A esperança passeia pela sala
senta numa cadeira
à mesa ornamentada.
O espelho que reflete
através da janela aberta
um mundo superficial e artificial:
Casas, antenas, postes...
Aquela estrela apagada pela nuvem densa
que se aproxima.
A chuva vem com luzes e sons
para esfriar a noite.
Pensamentos, descobrimentos...
O inimigo nunca se separa de você.
Onde está indo?
O que fazes?
A tempestade vem...
Está levando consigo tudo por onde passa.
Você fica ou vai?
Eu não quero me molhar,
posso ficar resfriado.
Sandro Gonzaga
lembra do laço que se desfez.
Atrás da história
segue com passos vacilantes
pela rota escolhida.
O vestígio ficou para trás.
O agora é resultado de outrora.
Os canais estão abertos...
Chegou à hora de ir embora
novamente pelas ruas provincianas.
Instáveis somos conduzidos
por efeitos produzidos
nas situações cotidianas.
A percepção está aflorada
para não tropeçar nas pedras.
O bem e o mal andam juntos
na natureza, nas ações humanas...
O desespero e a esperança...
O desespero queimou num lugar...
Sua fumaça subiu para longe...
A esperança passeia pela sala
senta numa cadeira
à mesa ornamentada.
O espelho que reflete
através da janela aberta
um mundo superficial e artificial:
Casas, antenas, postes...
Aquela estrela apagada pela nuvem densa
que se aproxima.
A chuva vem com luzes e sons
para esfriar a noite.
Pensamentos, descobrimentos...
O inimigo nunca se separa de você.
Onde está indo?
O que fazes?
A tempestade vem...
Está levando consigo tudo por onde passa.
Você fica ou vai?
Eu não quero me molhar,
posso ficar resfriado.
Sandro Gonzaga
03 julho 2009
Fugaz.
Fugindo da razão escapa,
dispersando o resto das cinzas...
Domina na certeza da efemeridade,
deixando feridas incicatrizáveis.
O tempo se encarrega da decadência
daquela que um dia será queimada como as outras.
Na fogueira seu grito se abafa.
Em cinzas esquecidas acaba.
Para o nascimento de outra...
Que também morrerá na descrença.
Sandro Gonzaga
dispersando o resto das cinzas...
Domina na certeza da efemeridade,
deixando feridas incicatrizáveis.
O tempo se encarrega da decadência
daquela que um dia será queimada como as outras.
Na fogueira seu grito se abafa.
Em cinzas esquecidas acaba.
Para o nascimento de outra...
Que também morrerá na descrença.
Sandro Gonzaga
22 maio 2009
LUGAR PERFEITO.
Advento da vida.
Advir em águas claras
sustentando meu mundo
no sentido da grande órbita.
Mas o adverso destino
me coloca pelo avesso
numa rede de desatino
que dissolve-me na correnteza da falta.
Olha pra mim com sorrir desdentado,
percebendo a barreira intransponível a se erguer.
Sou movido pelo desejo insaciável
de tê-la contida num sonho,
do qual espero nunca acordar.
Vem, com tua presença fulgurante,
para planarmos sobre paisagens desérticas,
inundando-as com mares encantados.
Vem, despertando as coisas mais sublimes,
para aquecer meu corpo glacial
que não encontra em nenhum cobertor
a paz resplandecente da tua chegada.
Vem, amanhece esta noite que não passa,
deixando meus passos sem distância.
Vem, quero as palavras do teu coração,
quero o silêncio da tua mão
a me levar para onde nunca sei.
Só sei que é sempre o lugar perfeito.
Sandro Gonzaga
Advir em águas claras
sustentando meu mundo
no sentido da grande órbita.
Mas o adverso destino
me coloca pelo avesso
numa rede de desatino
que dissolve-me na correnteza da falta.
Olha pra mim com sorrir desdentado,
percebendo a barreira intransponível a se erguer.
Sou movido pelo desejo insaciável
de tê-la contida num sonho,
do qual espero nunca acordar.
Vem, com tua presença fulgurante,
para planarmos sobre paisagens desérticas,
inundando-as com mares encantados.
Vem, despertando as coisas mais sublimes,
para aquecer meu corpo glacial
que não encontra em nenhum cobertor
a paz resplandecente da tua chegada.
Vem, amanhece esta noite que não passa,
deixando meus passos sem distância.
Vem, quero as palavras do teu coração,
quero o silêncio da tua mão
a me levar para onde nunca sei.
Só sei que é sempre o lugar perfeito.
Sandro Gonzaga
27 março 2009
25 janeiro 2009
Tarde tranqüila.
As crianças correm brincando na praça,
sentindo no presente encantado
a liberdade da paisagem cantada
por risos infantis, pássaros diversos, instrumentos...
A tarde se desenrola formando um cordão
que amarra a pura delícia de um sonho.
As árvores movem-se com cabelos de ventos transversais,
a arte envolve a mística duma igreja,
aves sobrevoam o espaço em direções opostas...
Quem sabe o dia que vai morrer?
Sinto a sombria leveza do tempo,
refeita numa canção sutil como “o cair destas folhas”
que perdem o galho da vida
para o nascimento de outras folhas.
Assim se perpetuará a correnteza do passado:
sustentada por raízes que morrerão num momento.
E quando a inexistência existir...
No futuro tudo será nada.
Mas compondo o vazio num cavalo alado
Galgarei as mais longínquas alturas
em busca do deslizar das constelações em cascatas siderais.
Sandro Gonzaga
sentindo no presente encantado
a liberdade da paisagem cantada
por risos infantis, pássaros diversos, instrumentos...
A tarde se desenrola formando um cordão
que amarra a pura delícia de um sonho.
As árvores movem-se com cabelos de ventos transversais,
a arte envolve a mística duma igreja,
aves sobrevoam o espaço em direções opostas...
Quem sabe o dia que vai morrer?
Sinto a sombria leveza do tempo,
refeita numa canção sutil como “o cair destas folhas”
que perdem o galho da vida
para o nascimento de outras folhas.
Assim se perpetuará a correnteza do passado:
sustentada por raízes que morrerão num momento.
E quando a inexistência existir...
No futuro tudo será nada.
Mas compondo o vazio num cavalo alado
Galgarei as mais longínquas alturas
em busca do deslizar das constelações em cascatas siderais.
Sandro Gonzaga
26 dezembro 2008
Eu
Caio num lugar estranho.
Vôo na velocidade da luz em todas as direções.
Sinto o vento impulsionar meu espírito
nas nuvens que se desfazem com lembranças.
Permaneço mergulhado em sonhos.
Saio duma atmosfera.
Entro noutra.
Nada é o que parece.
Tudo se transforma no fogo
que queima minhas entranhas
e me deixa sem saber quem realmente sou.
Meus átomos formam novas substâncias,
as quais surgem para concretizar um ciclo
que descreve a maior das órbitas.
Vislumbro a eternidade.
Não sou mais a gota do oceano.
Compreendo o todo.
A solidão se esvai
e na unidade encontro total sentido.
Sandro Gonzaga
Vôo na velocidade da luz em todas as direções.
Sinto o vento impulsionar meu espírito
nas nuvens que se desfazem com lembranças.
Permaneço mergulhado em sonhos.
Saio duma atmosfera.
Entro noutra.
Nada é o que parece.
Tudo se transforma no fogo
que queima minhas entranhas
e me deixa sem saber quem realmente sou.
Meus átomos formam novas substâncias,
as quais surgem para concretizar um ciclo
que descreve a maior das órbitas.
Vislumbro a eternidade.
Não sou mais a gota do oceano.
Compreendo o todo.
A solidão se esvai
e na unidade encontro total sentido.
Sandro Gonzaga
01 dezembro 2008
Alma que voa.
Vastas ondas avulso vibram...
desvairando vasos de vozes vazias.
Vestígios de versos a devanear,
voando num balanço de verão.
Através de voltas mais longas,
como vulto que passa variando,
para viver da vontade de ser livre.
Sandro Gonzaga
desvairando vasos de vozes vazias.
Vestígios de versos a devanear,
voando num balanço de verão.
Através de voltas mais longas,
como vulto que passa variando,
para viver da vontade de ser livre.
Sandro Gonzaga
01 novembro 2008
Sítio de Santa Luzia.
Ao meu redor é só mato.
É só verde.
É o som de pássaros, grilos, sapos, cigarras...
Ando pela terra...
Sigo tranqüilo
observando as transformações do sítio de Santa Luzia.
Onde, quando menino, brincava, passeava...
Vou sem medo.
Sou neto de Seu Mandu.
Homem da enxada e da semente.
Cabra-macho.
Honesto e valente de mãos e alma calejadas.
Negro que andava com uma faca
e tinha uma espingarda debaixo da cama.
Tem de tudo no sítio:
banana, abacate, manga, jaca...
Margarida, jasmim, angélica, sorriso...
Boi, cavalo, galinha, calango...
Muitos frutos, muitas flores, muitos animais.
As crianças correm de medo a me ver passar.
Aceno com a mão, mas não respondem.
Elas me olham até que eu suma da vista delas.
A insistência do canavial distorce a boniteza do sítio.
Os coqueiros predominam.
Casas pequenas e simples.
Cumprimento o senhor que corta mato com a estrovenga.
Ele responde com alegria.
Sento no banco de coqueiros.
Onde antes sentei com minha estrela para depois...
Ah! Perfeitas lembranças.
Olho para dentro de uma casa,
vejo um senhor desconfiado,
estendo a mão e ele vem ao meu encontro.
Falo que sou neto de Seu Mandu
e conheço Seu Benedito Bezerra,
meu primo de quarto grau.
Há muitos anos, Seu Geraldo,
com um saco cheio de amendoins crus, cozidos e torrados,
percorre o sítio atravessando terras e gerações com uma bicicleta.
Diariamente se escuta sua voz:
“olha o amendoim, faz crescer e namorar.
Moça bonita arruma namorado.
Faz donzelo casar na hora.”
Mas a urbanidade veio
trazendo o conforto-destrutivo,
e num carro bateu nas pernas do vendedor.
Hoje, ele vende amendoim caminhando com dificuldade.
A capela construída com o sangue dos meus antepassados.
O sorriso daquela senhora me comove.
O vestígio que sobrou do pau-brasil.
Alguns olham a rua para ver quem passa.
Os matutos conversam sobre celulares.
A ciranda toca.
A cachaça alegra e entristece.
A poeira se levanta.
Caem tanajuras.
A roça consola.
Pipa, peão, bola de gude, futebol...
O açude jardim lustral,
fonte de água mineral.
Lata d’água na cabeça.
Fogo à lenha.
Luz de candeeiro.
Muito verde.
Cheiro verde.
Verde claro.
Verde escuro.
Verde-vagalume.
Oh! Santa Luzia, se fores mesmo dona deste paraíso,
fazei com que o sítio não sofra ainda mais.
Porque senão o sítio não agüentará tanta maldade.
E, em breve, deixará de ser sítio para ser cidade.
Sandro Gonzaga
É só verde.
É o som de pássaros, grilos, sapos, cigarras...
Ando pela terra...
Sigo tranqüilo
observando as transformações do sítio de Santa Luzia.
Onde, quando menino, brincava, passeava...
Vou sem medo.
Sou neto de Seu Mandu.
Homem da enxada e da semente.
Cabra-macho.
Honesto e valente de mãos e alma calejadas.
Negro que andava com uma faca
e tinha uma espingarda debaixo da cama.
Tem de tudo no sítio:
banana, abacate, manga, jaca...
Margarida, jasmim, angélica, sorriso...
Boi, cavalo, galinha, calango...
Muitos frutos, muitas flores, muitos animais.
As crianças correm de medo a me ver passar.
Aceno com a mão, mas não respondem.
Elas me olham até que eu suma da vista delas.
A insistência do canavial distorce a boniteza do sítio.
Os coqueiros predominam.
Casas pequenas e simples.
Cumprimento o senhor que corta mato com a estrovenga.
Ele responde com alegria.
Sento no banco de coqueiros.
Onde antes sentei com minha estrela para depois...
Ah! Perfeitas lembranças.
Olho para dentro de uma casa,
vejo um senhor desconfiado,
estendo a mão e ele vem ao meu encontro.
Falo que sou neto de Seu Mandu
e conheço Seu Benedito Bezerra,
meu primo de quarto grau.
Há muitos anos, Seu Geraldo,
com um saco cheio de amendoins crus, cozidos e torrados,
percorre o sítio atravessando terras e gerações com uma bicicleta.
Diariamente se escuta sua voz:
“olha o amendoim, faz crescer e namorar.
Moça bonita arruma namorado.
Faz donzelo casar na hora.”
Mas a urbanidade veio
trazendo o conforto-destrutivo,
e num carro bateu nas pernas do vendedor.
Hoje, ele vende amendoim caminhando com dificuldade.
A capela construída com o sangue dos meus antepassados.
O sorriso daquela senhora me comove.
O vestígio que sobrou do pau-brasil.
Alguns olham a rua para ver quem passa.
Os matutos conversam sobre celulares.
A ciranda toca.
A cachaça alegra e entristece.
A poeira se levanta.
Caem tanajuras.
A roça consola.
Pipa, peão, bola de gude, futebol...
O açude jardim lustral,
fonte de água mineral.
Lata d’água na cabeça.
Fogo à lenha.
Luz de candeeiro.
Muito verde.
Cheiro verde.
Verde claro.
Verde escuro.
Verde-vagalume.
Oh! Santa Luzia, se fores mesmo dona deste paraíso,
fazei com que o sítio não sofra ainda mais.
Porque senão o sítio não agüentará tanta maldade.
E, em breve, deixará de ser sítio para ser cidade.
Sandro Gonzaga
10 outubro 2008
Graça.
O teu rosto límpido,
rara estrela substancial,
deixa o rastro seqüencial
numa réstia que repousa
em rústicas formas rubras...
Do teu rosto límpido,
brotam rios que regam
ruas andadas para reabitar
a robustez permitida em risos,
onde a mágoa em névoa ressurge...
Sou teu rosto límpido,
quando cristalizado na rocha
recente da relevância,
relembro lugares guiados pela terra
que germina rapidamente na rasa percepção.
Verei teu rosto límpido
presente em cada passo multilateral.
Por teu rosto límpido
morreria antes mesmo de nascer.
Em teu rosto límpido
farei a minha última morada!
Sandro Gonzaga
rara estrela substancial,
deixa o rastro seqüencial
numa réstia que repousa
em rústicas formas rubras...
Do teu rosto límpido,
brotam rios que regam
ruas andadas para reabitar
a robustez permitida em risos,
onde a mágoa em névoa ressurge...
Sou teu rosto límpido,
quando cristalizado na rocha
recente da relevância,
relembro lugares guiados pela terra
que germina rapidamente na rasa percepção.
Verei teu rosto límpido
presente em cada passo multilateral.
Por teu rosto límpido
morreria antes mesmo de nascer.
Em teu rosto límpido
farei a minha última morada!
Sandro Gonzaga
19 setembro 2008
Medo.
O homem de memória
lembra do laço que se desfez.
Atrás da história
segue com passos vacilantes
pela rota escolhida.
O vestígio ficou para trás.
O agora é resultado de outrora.
Os canais estão abertos...
Chegou à hora de ir embora
novamente pelas ruas provincianas.
Instáveis somos conduzidos
por efeitos produzidos
nas situações cotidianas.
A percepção está aflorada
para não tropeçar nas pedras.
O bem e o mal andam juntos
na natureza, nas ações humanas...
O desespero e a esperança...
O desespero queimou num lugar...
Sua fumaça subiu para longe...
A esperança passeia pela sala
senta numa cadeira
à mesa ornamentada.
O espelho que reflete
através da janela aberta
um mundo superficial e artificial:
Casas, antenas, postes...
Aquela estrela apagada pela nuvem densa
que se aproxima.
A chuva vem com luzes e sons
para esfriar a noite.
Pensamentos, descobrimentos...
O inimigo nunca se separa de você.
Onde está indo?
O que fazes?
A tempestade vem...
Está levando consigo tudo por onde passa.
Você fica ou vai?
Eu não quero me molhar,
posso ficar resfriado.
Sandro Gonzaga
lembra do laço que se desfez.
Atrás da história
segue com passos vacilantes
pela rota escolhida.
O vestígio ficou para trás.
O agora é resultado de outrora.
Os canais estão abertos...
Chegou à hora de ir embora
novamente pelas ruas provincianas.
Instáveis somos conduzidos
por efeitos produzidos
nas situações cotidianas.
A percepção está aflorada
para não tropeçar nas pedras.
O bem e o mal andam juntos
na natureza, nas ações humanas...
O desespero e a esperança...
O desespero queimou num lugar...
Sua fumaça subiu para longe...
A esperança passeia pela sala
senta numa cadeira
à mesa ornamentada.
O espelho que reflete
através da janela aberta
um mundo superficial e artificial:
Casas, antenas, postes...
Aquela estrela apagada pela nuvem densa
que se aproxima.
A chuva vem com luzes e sons
para esfriar a noite.
Pensamentos, descobrimentos...
O inimigo nunca se separa de você.
Onde está indo?
O que fazes?
A tempestade vem...
Está levando consigo tudo por onde passa.
Você fica ou vai?
Eu não quero me molhar,
posso ficar resfriado.
Sandro Gonzaga
25 agosto 2008
Pena.
Pena mortal.
Pena voadora.
Pena para cumprir.
Pena que você não sentiu
que quanto mais o tempo passa
menos tempo temos.
Sandro Gonzaga
Pena voadora.
Pena para cumprir.
Pena que você não sentiu
que quanto mais o tempo passa
menos tempo temos.
Sandro Gonzaga
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