17 março 2011

Deusa de Vênus

A verdade é que há tanta falsidade
No sorriso das pessoas do convívio...
Quantos urubus rondando a cidade,
Tornando ainda mais repugnante o vício.

Tua sinceridade não é encontrada na esquina
Somente o tédio é o maior anfitrião
O desprezo cresce rápido e me fascina
O silêncio descobre a névoa da razão.

A fumaça sagrada não me satisfaz
Uma suprema aversão impregna a alma
E sufoca e enterra toda forma de paz
Espero a noite da tormenta que me acalma.

Deusa de Vênus que pode sentir
Dos gritos abafados em meu peito
As traças sombrias a destruir
Nosso lar imerso num sonho perfeito.

A saudade incita a aflição de todo dia
Não consigo de modo algum esquecer
Aqueles eternos segundos de alegria
Na rua, na praia, em casa quero me perder...

És divina fúria em gotas de obsessão
Desencadeando repentinos tremores
Amolando a lâmina devastadora da paixão
Dos tenebrosos e verdadeiros amores.

Banhada em clarões, sem querer te vejo
Deitada sobre os destroços da nossa cama
E na lembrança de um salgado beijo
Meu coração desesperado te chama.

Vem Deusa de Vênus, esmagar a pungente dor
Sacia esta sede infinita que no meu ser ancorou
Traz tua fonte lírica que transborda pleno amor
O encontro dos mares nem sequer amenizou.

Vem Deusa de Vênus, minha agonia arrancar.
A espera me corrói, mas meu dia vai chegar.

Sandro Gonzaga

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