30 julho 2009

15 de agosto Silêncio Interrompido

Silêncio Interrompido no dia 15 de agosto em Goiana-PE.




não iríamos deixar passar os 40 anos do festival woodstock passar batido. ah.. e tem os 20 anos sem Raul. Levem seus lenços coloridos, suas roupas tingidas a Tai Dai, chamem seu tio Beatnik (se sobreviveu) e traga seus trampos para manguer.
até lá. e logo mais.... mais informações.

Observe & Absorva

03 julho 2009

Submersos no vazio

É muita coisa para cabeças vazias com ânsias de nada
Opiniões baratas e compradas, vontades forçadas
Apenas palavras em distorção
Flores regadas por qualquer mão
Quadros pintados por um artista sem noção
Esculturas mal feitas sem nenhum plano de elaboração
O rito conduz à submissão
Grande demais pra se descobrir, pequeno em si pra existir

Aluizio Fidelis

Mórbida

Eu sou a capacidade mórbida de um coma que vegeta em êxtase com nada.
Um paciente em constante convulsão
Um arbusto seco que faz sombra para o aborto em decomposição
O odor de necrose de um cancerígeno
A mulher que será violentada pro resto da sua mísera vida
O descompasso do frustrado
O arrependimento de um ser que rejeitou a sua cria
Um vazio em crescente combustão
O estreito curvo
O lado afetado da geração.

Aluizio Fidelis

Relatos de um intruso

Vem como um vulto, para a sombra, os pobres de crença
Passa leve, tão leve que o chão se desfaz.
Intruso confuso, indo de encontro à perdição, relatando fatos
De horror e possessão.
Fluido negativo, porta aberta para quem?
Carnificina na mente de quem convém, é um fardo que se renova,
Trazendo novas crias do além.
Criadouro da zombaria, risos pelas costas, ironia, pensamentos degenerativos,
Piadas feitas todo mísero dia.
Sonhos, fendas para novas agonias, pesador se diverte, presenciando
O desespero, esse momento de estrema nostalgia.
Influência nefasta, entorta e atrasa, qualquer forma de manifestação contrária.
Flagelos expostos, conseqüência de um mundo inclinado para a perversão.
Domínio imediato, impregnação, daqueles que estão obstinados à real destruição.

Aluizio Fidelis

[...]

Não há vida, nem estratégias e caminhos a serem seguidos.
O que se desfez não é o mesmo que foi concebido.
No auge das armadilhas pronunciadas, os fatos à expressão falha
De bruços e de mãos atadas, o conformismo e o corte e a navalha,
O impulso, a hora marcada, a rua sem entrada, os trincos
Quebrados, a ilusão disfarçada
Bem longe sem alcance do tudo e do nada,
Sem justificativas ou histórias a serem contadas.

Aluizio Fidelis

[...]

Memória extensa ao alcance de tudo que se perturba e deplora
Antro de discórdia, cubículo de chão escavucado e imundo
Restos em retalhos, faces do passado, expressão de tormentos
Vividos entre labirintos e intimidades.
Enclausuramento, abstrações da mente, mundo desconhecido
Invisível aos olhos e pensamentos.
Cria o próprio ninho de refúgio.

Aluizio Fideles

O ósculo da morte

Sou reflexo de sobra
Na falta de uma luz
Sou dobradiça dos olhos de ninguém
Sou a coisa mais esperada e a mais temida
Sou o começo da dúvida e o fim da mesma
Sou o lado seco da chuva
Sou a opinião do espelho
Sou a vigésima quinta hora e o décimo terceiro mês
Sou a fome da terra e a ferrugem da carne.

Wendell Nascimento

Ziquizila

Ziquizila da noite sombria.
Chão infalso.
Corda que se partia.
Falso calço.

Ziquizila do moribundo.
Noite madrugada.
Motivo do fim do mundo.
Transa que não agrada.

Ziquizila do intelecto.
Misera no couro.
Sobra de dialeto.
Praga banhada de ouro.

Ziquizila de rato que urina.
Doença que pega.
Tristeza junina.
Depressão que se entrega.

Querida Ziquizila de esgoto.
Martírio de enfermo.
Vivo quase morto.
Corpo mais que ermo.

Ziquizila babenta de comigo ninguém pode.
Queda íngreme de escada.
Banho de lama, carne de bode.
Tosse de sangue, morte de nada.

Vidal

[...]

De longe, ouço o sino que me chama
Como o pai cujo filho pródigo sente a volta.
A princípio, só verde, só cana,
Gana de ter aquilo que um dia fui e até hoje invento.
No céu, uma cruz se confunde no horizonte
Com a estrela D’alva a iluminar-me,
Marcando a vida e morte de meu ser.
Quase nunca te vejo, mas em qualquer era sei quem és.
Suja, degradada, entregue a vermes institucionalizados
Que exibem as suas famílias
tal qual a leitoa gorda que têm orgulho de seus leitõezinhos.
Mesmo com todos os parasitas
que consomem este teu velho corpo,
estas tuas velhas fachadas,
estas tuas cruzes de pedra que brotam de tua pele,
Ainda sim te amo com a mais terna baixeza.
Tu, ama de desejos impuros
Que me gera a ânsia nostálgica de antigos gozos.
Que, em teu ventre, em teu centro,
Fui concebido pelo incesto de seus filhos:
Negros, caetés, galegos, quilombolas, marisqueiros, pescadores e antigos marinheiros
Que gozavam no rio de teu ser
Que apesar de fluir,
continua reto e negro em seu antigo rumo.
Goyanna, esta que me atrai como um imã,
Me traga embriaguez das noites insones,
Onde me banhavas com vinho de tuas veias abertas,
Me fazias beber do suor de teu rosto,
Aguardente de cheiro da negra verde cor de teus cabelos.
Estes teus fios de quando em quando tu cortas com a labuta de tua prole, após provar do ardor do fogo do inferno,
Apenas para satisfazer o fetiche do cliente mais rico que tem seu orgasmo ao ver-te no cume de sua degradação.
Tu,
prostituta sifilítica, cadela com calazar terminal, noiada com o mais humilhante vício,
Me mostres o que me prende à barra de tua saia,
Tal qual menino indefeso com a vida lá fora.
Me tragas a dádiva de provar teu gosto só uma vez mais
A este filho que é teu escravo.
E, tal como os que tens em todo sempre,
Nunca cansa de te cantar em versos e cânticos.

Thiago Albert

Fugaz.

Fugindo da razão escapa,
dispersando o resto das cinzas...

Domina na certeza da efemeridade,
deixando feridas incicatrizáveis.

O tempo se encarrega da decadência
daquela que um dia será queimada como as outras.

Na fogueira seu grito se abafa.
Em cinzas esquecidas acaba.

Para o nascimento de outra...
Que também morrerá na descrença.

Sandro Gonzaga

Canções Guardadas

Cordas para quê?
Se posso ter as teclas
Oito já se foram
Estão guardadas
Um dia talvez
Serão descobertas
Ou quem sabe até
Re-escritas.

Não adianta
Mostrar ao público,
Para eles pode não significar muito,
Para mim,
É a minha vida
Escrita em composições
Tristes,
Românticas
E melancólicas,
Algumas inacabadas
E perdidas
Mas que no final
Dão origem a canções
Desconhecidas.

Pollyanna Gomes

Transparece

Ofereço-me nu e pervertido nos meus versos
Falar o que os outros secretam
Pintar minha cara e ir aos gritos
Derramando sentimentos pelas ruas

Sei que me procuram
Pelas minhas meias verdades
As farsas também eu sou
Não há esconderijo
O poema transparece o meu eu cretino

Philippe Wollney

Ócio é a idade dos poetas mortos

Gostar de futebol e ser marido
Inspira mais cuidados que um poema
Barroco, porque se quer pena
Com que se compense o proibido

Embriagar-se à noite, sob estrelas
Faz-se mister, porque romantikitsch
E, à sobra inevitável do fator humano
Celebraremos o que não existe.

De sorte que ilusão e morte
Sob a égide da vida coexistem
E, fosse eu o mago do universo,

Faria apenas uns poemas tristes
Com o dom de reviver o mar vivido
Com a alegria de quem sobrevive.

Marcelo Arruda

Partidas à parte

A partida começa
Logo,
O jogo das palavras jogo
As palavras jogam o
Jogo,
A partida continua,
Pega fogo.
Jogo o jogo das palavras, jogo.
O juiz apita o pênalti
Logo, jogo:
Goool!!!
A partida terminou.
Partiu partida a torcida adversária.
Represália!
Troco dedos, trocadilhos...
Sempre jogo.

Cris Souza

[sem título]

eu
emmim
em tu – entro
nele – pele
em vós
em nós – atada
neles

carol vitall

[...]

Não forneceram nenhuma palavra, ficou-se o silêncio.
Tudo era olhares voltados para o chão, expressões não expressas
O debruçar do suicídio em palanques repletos de alguma coisa,
Que por mais que tentasse se formar, sempre acabava numa
Abstração diferente da outra.
Absurdos e negações a cada passo o confrontar.
Reuniões de coisas sem sentido para tentar entender
Tudo aquilo que não foi dito
Cerimônias em relevos de secura
Amordaçamento alheio, penumbra.

Aluizio Fidelis

Amada terra

Gasto
Olhar
Imaculada
Abraçar-te
Nitidamente
Amada terra.

Ademauro Coutinho