08 agosto 2008

Sangue na Lua

Caianas como organismo pulsante
Estradas rubras como artérias.
Ao olhar, harmonia deslumbrante,
Há movimentos suaves de folhas
Iguais a músicos e cantantes
Sob a batuta do vento.

Caianas como organismo pulsante
Estradas rubras como artérias.
Ao entrar, tudo mais interessante,
Nas artérias me afogo em sangue
Humano de outros cortantes
Da cana caiana

Lá, dentro das canas,
Não sei quem fui
Meu fim ou início não importa
Fui cana, terra e sangue.
Fui anjo ensangüentado
Capaz de voar até a lua e lá
E sujá-la com respingos

São Jorge?
Não! Protesto sanguíneo.
Sujei a lua para limpar
Almas ticuqueiras

Caio Dornelas

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