22 agosto 2008

PELA JANELA

As luzes da cidade morrem de fome quando não brilhas, quando não vens na linha da minha janela.
A noite pra mim é sempre tarde. E é quando o meu dia começa, nesse cotidiano revirado de ponta cabeça.
Quando o mundo acabar eu não saberei, porque as coisas acontecem à luz do dia.
Apenas vou sentir a noite mais fria.
Apenas vou olhar a noite mais escura e sentir falta da companhia das estrelas e da lua sobre o meu quintal.
Quando você se der conta, eu ainda estarei lá, não fui como todos.
Por trás dos seus olhos sempre haverá verdade pra mim, mesmo que você não queira.
Porque, independente da sua vontade, sempre foi assim.
Não tenho você nas minhas madrugadas enquanto você ficava acordado comigo.
Mas, você não me tem em suas madrugadas, nem em seus dias, enquanto durmo.
Não me telefone, porque não desejo sua voz.
Não exista, porque não lhe serve existência se não lhe toco.
Você não serve pra mim, mas não se odeie por isso.
As luzes da cidade é que sempre brilharam sobre o seu vulto fosco.
Apenas sinta a noite mais fria.

Suely S. Araujo

Nenhum comentário: