É nesta cidade que sufoca
Que esgana quem tenta
Que pisa na cabeça
Dos que ousam alteridade
Que eu saio.
Na noite há pedra e chama.
Nas casas há barro e fome
Nos olhos, rasos, o medo.
O desespero alérgico
Que aleija da porta para fora.
Que angustía da porta para dentro.
Na noite existem torres e holofotes,
Bares e falta de propósito
Bares e algo outra vez
Bares, a noite desaba sobre o balcão
Bares, represa de fé profana.
A noite nesta cidade
Nos priva de nós mesmos.
Rouba o que se esquecera.
Passa a mão e chama de bicha
Entre os dedos enrola o maconheiro
E na boca voz de puta.
É nesta cidade, nesta cidade
Onde a alvorada nunca se faz dia,
Que o rio alimenta de lama.
Em torno, mar de cana
Que amarga nossa boca.
Philippe Wollney
2 comentários:
Forte como tu.
...
Da amiga Suely
valeu su, diria também trágico como esta pessoa que escreve.
com este poeta há tanta cretinice.(risos?).
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