24 fevereiro 2011

Uma troca de ideia com a artista plástica Luccy Lopes

Desde pequena que eu desenho só que fui me afastando, outras coisas foram surgindo como praticar esporte e tal, desviou a história e parei de desenhar. De um tempo pra cá vim sacando os desenhos de uma galera que já desenha e veio a vontade de desenhar de novo.
Desenhar porque é bom. Arte de toda forma é boa. É o que estou me concentrando, tendo paciência pra fazer de boa, tranquila, sem muito estresse. Eu não tenho tanta paciência para estudar, tanto quanto para desenhar. Desenho o que vem na cabeça, muitas vezes pego a ideia da galera e transformo em uma leitura própria.

Esses que tem figura de mulher, sexualidade, rostos, foram um documentário que eu vi sobre um artista plástico chamado Moacir, esquizofrênico, e vivia da arte. Quando sentava ele pintava as parada, casa, chão, teto, todo canto. A casa dele por fora tinha várias pinturas, geralmente homens nus, mulheres nuas e figuras de diabo, ele morava no interior de Minas, aí a sociedade botava pra lascar. Aí viajei na estória dele e comecei a desenhar umas paradas parecidas. Gosto também de desenhar os elementos da natureza, árvore, paisagem.

Eu acho que o tema vem de acordo com a fase, eu não tenho um tema determinado nem um modo de desenhar determinado, desenho o que sai na hora. Eu também não desenho quando uma pessoa fica: "desenha um negócio aí pra mim". -Desenho não! Minha irmã está há 2 meses me cobrando um desenho para meu sobrinho e eu não faço porque ela me cobra. Nada do que a galera me cobra faço, não é só com desenho, é com tudo, com desenho principalmente, pois eu acho que tem que surgir a ideia, estar pronta, quando se começa alguma coisa com uma ideia sem está pronta... às vezes ela se transforma mas, durante o processo.

Tem dia que eu desenho três, tem dia que é um só, tem dia que eu passo o dia inteiro no desenho, aquele do gato eu passei três dias, eu parava quando acabava a ideia, a viajem, aí eu dizia deixa como tá, quando voltava (a ideia, a viajem) que eu continuava. Não tem uma regra pra dizer que é esse tipo de desenho, desenho o que rola.

Tem uma parada meio que natural acontecendo com a pintura aqui na cidade, o estímulo das poucas pessoas/artistas que chegam e dizem: DESENHEI ISSO AQUI! Gente que tá perto já vai sacar e querer desenhar também. É uma coisa natural o que está acontecendo em Goiana, esse despertar para o desenho, para arte em geral e com certeza isso é influência do movimento Silêncio Interrompido, dando acesso a cultura, mesmo que seja mínimo. É uma galera da mesma idade que está promovendo, não é ninguém que é mais velho, de um caboclinho que tá querendo que a cultura continue ali. Estar surgindo, tanto o desenho quanto a poesia, tem uma galera que está escrevendo umas paradas massa! E vai rolar umas estórias boas se continuarem nisso. E em breve TRAGA A VASILHA!!!

Vidal de Sousa [design, poeta e cineclubista]
Bicho Coisa Design
membro de Iapôi cineclube
membro do Silêncio Interrompido

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