21 fevereiro 2011

Censo do sindicato dos poetas

O trabalho vai matar a poesia.
Um dia quando acordar
O mundo não será mais
De elefantes cor-de-rosa,
Estrelas na cara,
Fumaça de fábrica verde-amarelada,
Paradoxos, versos repetidos,
Coisas infinitas, bonitas, finas.
Tudo será automático,
Os poetas acordarão cedo
Pregados nas suas cadeiras
Usando gravatas apertadas.
Terão que cumprir horário,
Dizer sempre sim ao chefe,
Fazer hora extra,
Uma média de poesia por dia.
Pronunciarão a palavra protocolo muitas vezes,
Assinarão ponto todo dia,
Fim do mês se contentarão com um salário,
Férias uma vez por ano de trinta dias.
Depois de tudo transformado
Vão se aposentar,
Se suicidar por não ter mais o que fazer.

Geisiara Lima
Timbaúba

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