02 julho 2008

Arte e ofício (II)

Pega o barro da palavra
mistura aos sete sentidos,
rega com água da fonte
de quanto o homem tem sido,
bate e amassa bastante
até ficar dolorido.

Agora está consistente.

Dá-lhe forma gentilmente
como a fazer-lhe um afago.
Nunca esquecerás que és barro
vendo-te assim refletido.

Que cresça o mais só possível.
Satisfeitos seus caprichos,
como à noite segue o dia,
verás nascer a poesia
do fundo do indizível.

Marcelo Arruda

Nenhum comentário: