09 julho 2008

Acorda Goiana.

Terra adorada de encantos.
Mal te vejo
querendo acordar do sono da morte.
Longo pesadelo da rainha da mata norte.
Acorda Goiana para a poesia,
se liberta desta agonia colonial,
vista na insensatez do vasto canavial,
na arrogância do engenho,
na submissão da senzala,
e no poder da influência portuguesa ou católica.

Acorda Goiana litorânea que retrata com tristeza
a ausência do povo de grandeza
e a presença do público de migalhas.
Acorda Goiana africana.
Embalada pela fúnebre cantiga da tarde.
Que no fogo da história sangrenta arde.
Acorrentada pela escravidão.
Se libertando pela coragem dos quilombos.
Acorda Goiana esquecida pela política suja
como as ruas de ratos e baratas que exalam chorume.
Esgoto a céu aberto.
Crianças da noite.
Mendigos que dormem.
Predominante pobreza periférica.
Vítimas da violenta covardia.

Goiana de todas as rodas:
roda da loucura,
roda da liberdade na “13 de maio”,
roda das idéias.
Goiana da juventude que sonha...
No bar, a roda da cachaça.
Na praça, a roda da maconha.
Duquesa dos refinados poemas do crepúsculo.
Goiana do “Silêncio Interrompido” por grandes talentos.
Acorda meu bem...
Queremos te ver cantando em círculos aéreos.
Acorda Goiana adorada.
Esquece o pesado fardo da longa noite passada
e abre os olhos para a demorada alvorada.

Sandro Gonzaga

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