Olhos da morte me espreitam pelas sombras,
Escondidas em vielas que o tempo apagou.
Reluzem como diamantes num manto de desprezo,
No Éden dos mal-amados,
Dos mal-nascidos,
Dos mal-sucedidos,
Dos mal-alimentados,
Dos mal-me-queres,
Dos males não-exorcizados,
Das más lembranças de ódio de um tempo
onde o mal reina absoluto.
Sempre como os coadjuvantes tristes,
Palhaços tristes, nunca dignos de se comentar.
Nos olhos, feridas abertas,
Chagas incuradas, dores expostas,
Pichadas e irretocadas
Na muralha do esquecimento.
É como o fogo que brilha, mas não queima.
São como os dias que apenas se sobrevivem.
É como a deixa silenciada por um vazio ecoante.
É como o tempo invisível, mas tão marcante.
Sempre ali, tão nítidos, mas tão despercebidos...
Já não sabendo o que é mais sentir...
Vidas infecundas, banhadas por um rio:
Sem correnteza, sem nascente ou foz.
Onde as turvas curvas do caminho,
Confundem-se com o horizonte negro ali distante.
Onde a alvorada dos dias
Permanece como lembrança ainda não-vivida,
Como sonhos ainda não-despertados,
Como a chuva ainda não-caída,
Como o passo ainda não-dado.
Nunca é tarde para amanhecer,
Pois o sol sempre permanece vivo,
Apenas escondido,
Apenas invisível,
Apenas dentro de nós.
Thiago Albert
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