Sinto o pulsar de minhas raízes negras
Que compasseiam pelo delírio de tantos.
Sou o que numa ilha delira
Entre passos que de tão simples parecem sair como vindos da alma;
- a alma oculta do dançar de uma criança,
Em euforia pela chuva de São Pedro lá de cima.
Sou o que pro céu olha e entoando cantigas de amores distantes
Relembra tempos em que santos protegiam da vida selvagem
Que sem saber construíamos com nosso suor.
Sou o que vive lá no cume,
Em montes afogados pela terra
E que rindo quando se deve chorar,
Vive-se quando é fácil desistir,
Canta quando se deve calar.
Sou o que carrega o peso dos fardos que próprio ato
E faz brinquedo o que seriam grilhões,
Torna multicor o que a paisagem monocromática dos verdes canaviais encobria outrora.
Sou o pisar forte deste círculo de comunhão
Onde de mãos dadas, seguimos embebecidos por este mar que apesar de tão grande,
Ainda não sacia nossa gana de nossa vida girar.
Sou estes tambores,
Que apesar dos açoites,
Nunca teimam em tornar silêncio o que de mais belo existe em nós;
Tornando a vida assim
Este eterno cantar que sai do peito de nossa alma aflita
Em tardes de domingo.
Thiago Albert
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