05 outubro 2011

Poeta

Relógio asfixiado pelo tempo passado
parado na parede branca
restos dessa humildade descolorida
invadindo estuque tijolo
insectos enlouquecidos rápidos, sem destino.

Alguém olhava o labirinto traçado
tentado nesse excesso
decifrar o poema morto,
completo,
diversão escondida nos livros amontoados
dispersos coincidentes de temas,
versos soltos sem nexos
uma caneta usada gasta na formação
das palavras completas
inovação ilimitada,
universos profundos do transe das aranhas
jardins suspensos imaginados,
belezas escondidas entre vírgulas,
descanso da voz, pausas obrigadas
apenas o cansaço jazia
no entulho da matéria
prenúncio anunciado da vida
lápide simples, inocente
no cemitério de nuvens e estrelas cadentes.

Saudade esse fado da alma,
do sol das abelhas
do mar lá bem longe
uma frase simples
tatuada,
esculpida na madeira da mesa criadora,
"poeta, finalmente libertado".
 
Nkisi
[Ricardo Pocinho]

Nenhum comentário: