05 outubro 2011

Passeio pelas cercanias de Goiana

Nas saídas choças
Prenhes de pobreza
Jazem aos pés da cama
Como nos pés da mesa

De ricos senhores
Se pastassem cães.
Um garoto sujo
Mastiga a 3x;

Chupa satisfeito
- o pobre infeliz
O alimento de
Todas as manhãs;

A fome o persegue
Indigesta e amara
Não a mata a cana,
Mas a açucara.

E o gigante verde
Segue ao longo a pista
Se estendendo até
Onde alcança a vista.

No corpo do momento
Íngreme atalho:
Onde está a batata,
A cebola, o alho,

O tomate, o aipim?
- cana, cana e cana,
Paredes sem fim
De alta haste e palha.

Na caminho: capim,
Bosta de cavalo
E, homem, muita cana,
Cana a abastardá-lo

E eis que chega ao rio:
Peixe morto e lama
- corre encurralado
No meio da cana;

Vinheto o persegue
No curso até o mar
- só sossega quando
O asfixiar.

Marcelo Arruda

Nenhum comentário: