04 janeiro 2012

[este nada que me cansa, que se repete]


Cumprem-se as promessas nos joelhos em carne viva,
e o sangue inunda a terra,
cantam as sereias em silenciosos rumores,
afunda-se a espada,
crava-se a indiferença.
Indiferença do que se olha, como se tudo já se conhecesse,
tantas as viagens, tantas as repetições,
tantos os orgulhos, tantos os seixos pisados,
nem um grito aparece, nada
diferente,
repetições já saturadas.
Rastejam as promessas, pelas lágrimas que ficaram,
enganos, mentiras, algumas palavras sem nexo,
riem-se os adamastores, naquela altivez latente,
que cansa o vento.
[que me cansa...]
Tanto o esquecimento desejado, suplicado.
E nascem alguns lírios, como troféus
da vida onde as promessas valem
mais que factos,
e tudo recomeça novamente, como se o nada existisse.
[Este nada que me cansa, que se repete],
das promessas que se julgam,
cumpridas,
dos atos que se voltarão a repetir.

O Transversal - Ricardo Pocinho.

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