Nas saídas choças
Prenhes de pobreza
Jazem aos pés da cama
Como nos pés da mesa
De ricos senhores
Se pastassem cães.
Um garoto sujo
Mastiga a 3x;
Chupa satisfeito
- o pobre infeliz
O alimento de
Todas as manhãs;
A fome o persegue
Indigesta e amara
Não a mata a cana,
Mas a açucara.
E o gigante verde
Segue ao longo a pista
Se estendendo até
Onde alcança a vista.
No corpo do momento
Íngreme atalho:
Onde está a batata,
A cebola, o alho,
O tomate, o aipim?
- cana, cana e cana,
Paredes sem fim
De alta haste e palha.
Na caminho: capim,
Bosta de cavalo
E, homem, muita cana,
Cana a abastardá-lo
E eis que chega ao rio:
Peixe morto e lama
- corre encurralado
No meio da cana;
Vinheto o persegue
No curso até o mar
- só sossega quando
O asfixiar.
Marcelo Arruda
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