30 dezembro 2009

Dobrado dos Ordinários Poetas

Trrrrarra, Tá, Tumm
Trrrrarra, Tá, Tumm
Vamos ordinários poetas
Com a bandeira da poesia
Vamos à luta agora
Aos nossos gloriosos dias
Nossas armas são os nossos corações
Que disparam sentimentos
E assim venceremos a luta
Com a poesia.

Ademauro Coutinho

Bem indesejável

Se a índole da eterna ignorância do meu seio se apossasse
E a sabedoria com sua invisível benevolência se esvaísse,
Talvez a carne que me encobre o peito melhor apresentara-se
E os rumores da violência sofrida não existissem.

Mas completamente provido de toda sapiência oca e vil
Que sem temor despedaça minha alma e sua lembrança
Sigo tentando me esquivar deste carma varonil
Que só me traz sabedoria e me afasta ignorância.

André Philipe

expresso

expresso
que dentro d´água tudo é mais fácil
ver as palavras
em expresso

- Com licença, um café expresso por favor.

E não há mais nada a fazer, apenas dançar um tango grego.

Carol Vitall

[...]

[para os poetas Miró,
Bernardo e eu mesmo]

nós somos os donos
das nossas verdades
e ninguém tem direito
de nos tirar ilusões
que nos caem tão bem
caia chuva ou caia sol

ninguém só tem direito
de me duvidar os versos
quando for alguém
incapaz de comprar
ou de manufaturar
suas próprias verdades

mas na verdade prossigo
caiam palmas caiam vaias
tirando prata do nariz

Edmilson Madureira Segundo [2009]

Fora do Tom

Posso cantar
Para defender um fato
Divulgar uma ideologia
Para aproveitar melhor
A lua e o sol
A noite e o dia

Gritar alto
E não escutar
Os sermões chatos da minha tia
Apenas roncos de motores
Com vibrações de bateria
Colhendo flores
Pensando em orgias
As coisas simples
Truques com cara de magia
Rock, jazz, sexo
Ambos precisam de fantasias
Canto doce, afonia
Seresteiros na calada da noite
Puros cantos de anemia
Quem definiu melodias
Será que enquadrou gritos de socorro?
Ou o miado de um gato
Procurando a fêmea que se esconde vadia
Cantar...
Para entender toda sua pressa
Por que tanta correria?
Cantar...
E abrandar a dor que sinto
Talvez cantar
Traga-me de volta a alegria...

Geisiara Lima

Carnaval

O poeta e o folião:
Que é o corpo
Senão a alma?

Mas há os que não são
E apenas lêem
Como a velha que viu da janela
O sol nos rostos sob a chuva

Há também os que assistem
De um alto mais disfarçados:
O estrangeiro em busca de exotismo
E o nativo cônscio de fronteiras

Mas nós outros nos miramos nos espelhos
Que tínhamos aos milhões na nossa frente
Eternamente ligados no agora
Que nos revela o circulo do tempo

Marcelo Arruda

transpassar



P.W

Litoral

Nada é tão belo
Quanto às flores
Suspensas nesse litoral
Cercado de águas desertas,
Prestes a afogar o mundo.

Escuridão vazia
Só se vê o que é branco
Mas além de tudo,
Predomina o preto,
Martírio para o eu.

Uma lua
Branca, igual à neve
Descreve a sensação
De está a vê
O seu Jorge lá em cima.

Os capins parecem com um pomar
A diferença é que
Não precisa cultivar.
Existem apenas folhas finas
Que balançam,
Através da direção dos ventos.

Pollyanna Gomes

Telefonema.

Linha do horizonte.
Ritmo marítimo.
Tonalidades de verde.
As ondas quebram nas pedras.
Pedras polidas.
Pontas expostas.
Rochas esculpidas.
Nuvens sobrepostas.
Mundo enorme
será que ela dorme?

Solidão de lua quase cheia.
Areia de praia.
Teia de sentimentos alados.
Pés lavados.
A imaginação inventa.
O sono acalenta.
Mundo enorme
será que ela dorme?

A banda toca com reverência
a oração de São Francisco.
Ninguém quer saber de penitência.
Afinal, a evolução é nossa sina.
Fiel ou folião?
Qual das duas?
Muitos fogos na esquina.
A procissão do frevo anima pelas ruas.
Muitas pessoas acompanham na madrugada.
De longe se ouve da noite a risada.
Mundo enorme
será que ela dorme?

Parede de vento.
Maresia, calmaria...
Saudade-branca.
Amor sereno,
não estamos em lugares diferentes.
Estamos em corpos diferentes.
Portanto, moramos em dois corpos.
Mundo enorme
será que ela dorme?
É cedo, mas já não dorme!

Sandro Gonzaga

Insônia

Faço de tudo para afastar você de mim.
Leio livros, escrevo cartas.
Sem começo meio ou fim.
Penso no bem, penso no mal.
Na mentira e no real.

Olho a rua sem passantes.
Tomo chá, refrigerantes.
Durmo.
Acordo.
Não, não durmo nem acordo.
Situação estressante.

Ouço rádio, mas desligo.
Desisto, vejo tevê
Considerando castigo
Não escapar de você.

O galo escancara o canto.
Pia a coruja agourenta.
Gatos miam e quebram o telhado
Maneira de amar violenta.
Os ruídos crescem os ouvidos
E as horas correm tão lentas!

Sinto medo de caveira.
De alma de outro mundo.
Invoco todos os santos
De São Jorge a São Raimundo.

Choro, esperneio, enlouqueço.
Estou ficando maluca.
Mais uma noite, prisioneira.
Dessa terrível arapuca.

Rogo pragas, nomes feios.
Chamo você de demônia.
Faço tudo e não me livro
De você maldita INSÔNIA.

Sebastiana de Luordes

Magia

A magia que se perdeu em minha vida,
Magoou por dentro.
Dentre entranha ferida.
Dor estranha enfrento.

Sentimento sem resposta convincente.
Convite repetente que geme.
Pensamento, desalento inconveniente.
Voz que não fala, teme.

G(ô)sto de raiva, olhar carente.
Gosto de sentir carícia numa pedrada.
Quero a magia de minha vida novamente.
Pois sei que não há de sobreviver separada.

Vidal de Sousa

[...]

Hoje eu acordei
No lado errado da vida
Sem questionar
O que para muitos
Seria tão sagrado...
Minha cabeça
Doe devagar,
Eu já consigo sentir o que
Não há.

Wendell Nascimento

01 dezembro 2009

28 de Novembro

No Silêncio Interrompido se apresentaram os poetas de Goiana: Ademauro Coutinho, André Philipe, Philippe Wollney, Sandro Gonzaga, Thiago Albert, Vidal de Sousa, o pessoal do R.V.A. teve a participação do Durapson (ninho) de Condado e o Poeta Macarrão (Roberto).
Além das mostras de Vídeos: O verme da Alma, Passadouro, Transubstancial, O Mundo é uma Cabeça

O recital seria dentro do Centro de Enriquecimento Cultural Polytheama, porém por causas de BURROCRACIAS entre esferas da gestão política, não podemos utilizar o espaço interno. Resolvemos fazer no lado de fora mesmo, entre carros, calçada, motos e na rua.
A projeção foi na parede externa do cine teatro, o recital também.

O publico pequeno porém fidedigno, sábado a noite o Silêncio foi Interrompido nas paredes do Polytheama.


trabalho poético sobre Monólogo de uma Sombra (Augusto dos Anjos)



trabalho poético sobre Monólogo de uma Sombra (Augusto dos Anjos)



trabalho poético sobre Monólogo de uma Sombra (Augusto dos Anjos)



R.V.A



R.V.A


Colaboradores:
K.A.O.S, Ponto de Cultura Alafiá, IAPOI cineclube , APROMG, Charles Marinho, Toni (Bar Beta Estação)

...

por enquanto
é preciso separar
a letra da melodia
por ser inútil
ouvir minha voz
entoar nosso canto

por enquanto
é preciso retirar
meus versos da folha
por ser inútil
rimar teu amor
com meus versos brancos

por enquanto
é preciso rasgar
as fotos ao meio
por ser inútil
lembrar do que éramos
se não somos tanto

por enquanto
é preciso soltar
a tinta da pele
por ser inútil
carregar-te comigo
pra todo canto

por enquanto
não posso esperar
que apareças aqui
pra reunir tudo
o que fomos e somos
por encanto

Edmilson M. Segundo, [2009]